Déficit do setor público cai 81% em 2024, mas juros da dívida atingem maior patamar desde 2015
País fecha ano com rombo de R$ 47,6 bilhões nas contas públicas, enquanto juros da dívida disparam para R$ 950,4 bilhões, pressionando ainda mais as contas do governo
O setor público consolidado brasileiro encerrou 2024 com uma significativa redução no déficit primário, registrando R$ 47,6 bilhões (0,40% do PIB), uma melhora expressiva em comparação aos R$ 249,1 bilhões (2,28% do PIB) verificados em 2023. No entanto, essa conquista fiscal foi ofuscada pelo peso crescente dos juros da dívida pública, que alcançaram o maior patamar dos últimos nove anos.
Os juros nominais do setor público consolidado atingiram a marca preocupante de R$ 950,4 bilhões em 2024, equivalente a 8,05% do PIB, representando o maior percentual desde 2015. Este valor é significativamente superior aos R$ 718,3 bilhões (6,56% do PIB) registrados em 2023, evidenciando o crescente peso do endividamento nas contas públicas.
O último mês do ano trouxe alguns sinais positivos, com o setor público consolidado registrando um superávit primário de R$ 15,7 bilhões em dezembro, uma reversão notável em comparação ao déficit de R$ 129,6 bilhões observado no mesmo período de 2023. O Governo Central e as empresas estatais contribuíram positivamente com superávits de R$ 26,7 bilhões e R$ 1,0 bilhão, respectivamente.
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) fechou 2024 em 76,1% do PIB, totalizando R$ 9,0 trilhões, com um aumento de 2,2 pontos percentuais ao longo do ano. Já a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) atingiu 61,1% do PIB, equivalente a R$ 7,2 trilhões, apresentando uma elevação de 0,7 ponto percentual no ano.
O resultado nominal do setor público, que inclui o resultado primário e os juros nominais, apresentou um déficit de R$ 998,0 bilhões (8,45% do PIB) em 2024, ligeiramente superior em valores absolutos aos R$ 967,4 bilhões registrados em 2023, embora represente uma pequena redução quando medido em relação ao PIB (8,84% em 2023).
A desvalorização cambial de 27,9% ao longo do ano teve um impacto significativo nas contas públicas, contribuindo para amenizar o crescimento da dívida líquida, com efeito de -2,9 pontos percentuais do PIB. No entanto, este mesmo fator pressionou a dívida bruta, com impacto positivo de 1,0 ponto percentual.
Os números fazem parte do relatório das estatísticas fiscais, do Banco Central, divulgado nesta sexta-feira, 31.