De Primeira-Dama a Delegada: violência atinge mulheres de todos os níveis e avança de forma silenciosa nos lares
Por Raquel Gallinati*
Os dados assustam: entre janeiro e maio de 2024 foram registrados na Justiça brasileira mais de 238 mil casos de violência contra a mulher, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Este número alarmante - documentado no Datajud (Base Nacional de Dados do Poder Judiciário) - revela a extensão de um problema devastador que afeta milhares de mulheres no país. Do total, 234.377 ações judiciais referem-se a crimes de violência doméstica; 4.199 a feminicídios.
Números esses, aliás, que não refletem completamente a realidade. Diversas mulheres ainda não denunciam abusos por normalizarem a violência ou romantizarem comportamentos agressivos dentro de seus relacionamentos. Muitas vítimas, acostumadas a viver em um ambiente hostil, não registram as agressões por acreditarem que são parte inevitável da convivência. Tais situações ocorrem frequentemente na clandestinidade, entre quatro paredes, longe dos olhos da sociedade.
Recentemente, dois casos de grande repercussão exemplificam a escalada da violência contra a mulher. Delegada de polícia, Patrícia Neves Jackes Aires foi morta no município baiano de São Sebastião do Passé. Seu corpo foi encontrado em seu veículo após ter sido, supostamente, assassinada por seu companheiro, Tancredo Neves Feliciano de Arruda. Ele foi preso e está sendo investigado por feminicídio, enquanto a Polícia Civil prossegue com as investigações para esclarecer todos os detalhes do crime. Vale lembrar que o suspeito, em maio deste ano, foi preso em flagrante por agressões contra Patrícia, mas foi solto pelo Poder Judiciário.
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