De gestora bilionária a suspeita de fraude: O caso Reag e os laços com o crime organizado brasileiro
Uma rede sofisticada de lavagem de bilhões em recursos ilícitos expõe vulnerabilidades no sistema financeiro brasileiro, com a Reag Investimentos no centro das atenções.Entenda os detalhes da operação
Dias antes de a polícia invadir a sede da Reag Investimentos, no coração da Avenida Faria Lima, em São Paulo, o fundador da gestora, João Carlos Falbo Mansur, exibia otimismo em uma entrevista à Jovem Pan, em agosto de 2025. “A verdade é que buscamos oportunidades o tempo todo”, declarou o empresário de 55 anos, figura central no crescimento meteórico da empresa, que se tornou uma das maiores gestoras independentes de recursos de terceiros no Brasil. Três meses depois, essas “oportunidades” estão sob escrutínio em uma das maiores investigações contra o crime organizado do país, revelando um suposto esquema de lavagem de dinheiro estimado em quase US$ 10 bilhões (cerca de R$ 55 bilhões, pela cotação atual), ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), a facção criminosa mais poderosa do Brasil.
A Operação Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto de 2025 pela Polícia Federal (PF), Receita Federal e Ministério Público de São Paulo, desmantelou uma rede que usava fundos de investimento exclusivos — veículos financeiros com um único cotista, populares entre a elite por sua discrição e benefícios fiscais — para ocultar lucros ilícitos do tráfico de drogas e fraudes no setor de combustíveis. O suposto mentor do esquema, Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo” ou “João”, de 47 anos, teria construído um império ilegal envolvendo postos de gasolina, fintechs, usinas de açúcar e etanol, tudo em conluio com o PCC. Mourad, que já havia sido condenado por crime econômico relacionado à venda de combustível adulterado em 2020, está foragido, possivelmente no Líbano, segundo investigações.
De acordo com documentos judiciais obtidos por veículos como Metrópoles e Bloomberg Línea, as autoridades identificaram pelo menos 40 fundos exclusivos ligados a Mourad, com patrimônio total de R$ 30 bilhões, muitos administrados pela Reag.
O esquema funcionava como uma “boneca matriosca”: lucros de centenas de postos de gasolina — muitos controlados pelo PCC — eram canalizados para fintechs para evasão fiscal, depois para fundos de investimento que financiavam aquisições de empresas em dificuldades, como usinas de açúcar no interior de São Paulo (exemplos incluem a Usina Itajobi, comprada por R$ 180 milhões via Fundo Mabruk II, gerido pela Reag, e a Usina Carolo). Investigações apontam fraudes fiscais de mais de R$ 7,6 bilhões em impostos sonegados, com movimentações de R$ 46 bilhões em uma única fintech entre 2020 e 2024.
A Reag, fundada por Mansur em 2012 como uma butique de investimentos imobiliários para ultrarricos, diversificou-se para multimercados e chegou a gerir R$ 369 bilhões em ativos em seu pico, um crescimento de dez vezes nos últimos cinco anos — enquanto o setor como um todo registrava resgates líquidos de R$ 500 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A empresa abriu capital na B3 em janeiro de 2025 via IPO reverso, assumindo o controle da GetNinjas, um marketplace de serviços online. No entanto, quase uma dúzia dos fundos investigados eram geridos ou administrados pela Reag, mais do que por qualquer outro player do mercado.
Os promotores identificaram “fortes laços” entre a organização de Mourad e o PCC, com ligações familiares ampliando a rede: o irmão Armando Hussein Ali Mourad presidia distribuidoras como a Safra, e primos como Ali Mohamad Mourad gerenciavam empresas de engenharia usadas no esquema. Um advogado de Mourad nega qualquer conexão: “Não há nenhuma acusação criminal que o ligue ao PCC, com o qual ele não tem nenhuma conexão”.
A defesa da Reag, em comunicado, afirma que a empresa colabora plenamente com as autoridades, repudia as alegações e destaca que os fundos investigados representam apenas 0,23% de seus ativos. “Nunca manteve, mantém ou manterá qualquer relação com grupos criminosos, incluindo o PCC, nem com quaisquer atividades ilícitas”, declarou a gestora. Os advogados de Mansur, por sua vez, enfatizam que ele colabora para esclarecer os fatos e que sua lisura será comprovada.
Documentos judiciais revelam indícios contra Mansur, como o crescimento de seu patrimônio de R$ 31 milhões para R$ 570 milhões entre 2020 e 2023 (aumento de 1.700%), justificado por lucros de holdings sem atividade operacional, o que os investigadores chamam de “uma fantasia”. Seu celular foi apreendido em outubro de 2025 na Operação Quasar, uma ramificação da Carbono Oculto.
Mansur renunciou à presidência do conselho em setembro e vendeu 87,38% de sua participação por cerca de R$ 100 milhões a executivos internos, levando a Reag a adotar o nome Arandu (termo indígena para “sabedoria”) e mudar para um endereço mais modesto.
O caso expõe a penetração do crime organizado no sistema financeiro tradicional. “Estamos vendo o PCC lavar dinheiro com um nível de sofisticação que simplesmente não se vê na Colômbia, no México ou em outras grandes economias da região”, afirmou Will Freeman, pesquisador para a América Latina do Council on Foreign Relations.
Marcia Meng, chefe da Receita Federal em São Paulo, descreveu os fundos exclusivos como “empresas sem nenhuma atividade comercial”, destacando falhas no “Conheça Seu Cliente” (KYC). O setor de fundos exclusivos movimenta R$ 358 bilhões no Brasil, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou modernizações regulatórias, mas sem comentar o caso específico. A Anbima classificou os incidentes como “casos isolados” em meio a 32 mil fundos.
Nas redes sociais, o escândalo gerou repercussão imediata. Postagens no X (antigo Twitter) destacaram ligações de Mansur com clubes de futebol — ele é conselheiro do Sociedade Esportiva Palmeiras e próximo da presidente Leila Pereira, administrou contabilidade da Arena Corinthians, participou da gestão da Arena do Grêmio e investiu em estádios da Portuguesa e Juventus da Mooca —, levantando debates sobre infiltração no esporte.
Usuários como @Vigilan66356230 e @alexaguiarpoa compartilharam vídeos e análises, acumulando milhares de visualizações e engajamentos, com críticas à suposta proximidade entre finanças legítimas e o crime.
Para especialistas como Roberto Uchôa, ex-policial federal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o desafio persiste: “Agora eles conhecem o caminho. Uma porta foi fechada, mas eles vão abrir outra”.
A investigação, que envolveu 1.000 agentes e 350 alvos em oito estados, congelou ativos e resultou em prisões como as de Ítalo Belon Neto e Gerson Lemes, empresários do setor de combustíveis
Enquanto Mourad segue foragido, o caso pressiona por reformas, expondo como o PCC fatura centenas de milhões com tráfico para a Europa e infiltra a economia formal.
Palavras-chave: Reag Investimentos, lavagem de dinheiro, PCC, Operação Carbono Oculto, João Carlos Mansur, Mohamad Hussein Mourad, fundos exclusivos, Faria Lima, crime organizado, mercado financeiro brasileiro.
O que você acha dessa infiltração do crime no coração financeiro do Brasil? Compartilhe sua opinião nos comentários abaixo e ajude a espalhar essa história — o debate público é essencial para pressionar por mais transparência. Curta, compartilhe e siga o Painel Político para mais análises exclusivas!
Hashtags:
#PainelPolitico #ReagInvestimentos #LavagemDeDinheiro #PCC #OperacaoCarbonoOculto #CrimeOrganizado #MercadoFinanceiro #FariaLima #InvestigacaoPolicial #BrasilSemCorrupcao
Contatos e Redes Sociais:
Siga o Painel Político para atualizações diárias:
Twitter: @painelpolitico
Instagram: @painelpolitico
LinkedIn: Painel Político
Links de convite:
Junte-se ao nosso canal no WhatsApp para notícias em tempo real: https://whatsapp.com/channel/0029Va4SW5a9sBI8pNwfpk2Q
E no Telegram: https://t.me/PainelP
Com informações da Bloomberg, Folha, UOL e Metrópoles




