Crise política e econômica agrava queda de popularidade de Milei: Argentina entra em rota de colisão
Vetos rejeitados, protestos intensificados e sinais de desastre econômico colocam o presidente Javier Milei sob pressão máxima às vésperas das legislativas
A administração de Javier Milei atravessa uma crise crescente que reúne fatores políticos, sociais e econômicos em uma combinação que pode mudar radicalmente seu destino nas eleições de outubro. A inquietação deriva não apenas de medidas impopulares, mas de derrotas expressivas no Congresso, deslegitimação em debates públicos e impacto real no bolso da população — todos os ingredientes de um abismo que parece cada vez mais perto de engolir o governo.
Desde meados de agosto, Milei acumulou uma série de reveses significativos. Um ponto central foi o veto pelo presidente a leis aprovadas pelo Congresso que aumentavam pensões e benefícios para pessoas com deficiência. O argumento oficial foi o compromisso com o superávit fiscal: Milei afirmou que os projetos não indicavam fontes de financiamento e, segundo o governo, comprometeriam o equilíbrio das contas públicas.
Esses vetos intensificaram protestos em Buenos Aires e outras regiões. Universitários, professores, médicos e trabalhadores da saúde denunciaram o desfinanciamento de hospitais públicos — em especial o Hospital Garrahan — e cortes orçamentários nas universidades, cujos recursos, dizem, foram diluídos pela inflação. O Congresso reagiu: deputados derrotaram vetos presidenciais por votação ampla — por exemplo, 174 votos contra 67 para derrubar vetos relacionados às universidades; no caso do Hospital Garrahan, 181 a 60.
Paralelamente, o governo enfrentou uma derrota eleitoral contundente na província de Buenos Aires em 7 de setembro, considerada um termômetro para as legislativas nacionais. A coalizão Peronista obteve cerca de 46,93% dos votos, enquanto o partido de Milei, La Libertad Avanza, alcançou 33,85%. A diferença de quase 13 pontos evidencia que a confiança no presidente está em declínio, especialmente em sua base eleitoral mais crítica.
Essa combinação de insatisfação social, derrotas políticas e problemas práticos no funcionamento do estado — hospitais com falta de verbas, professores com salários defasados, universidades lutando para manter estrutura — reflete uma realidade dura que vai além do discurso de austeridade. A inflação, a desvalorização do poder de compra, o desemprego e a informalidade têm corroído o respaldo popular.
Também pesa sobre Milei o escândalo envolvendo a Agência Nacional de Deficiência (ANDIS), no qual há acusações contra sua irmã, Karina Milei, de envolvimento em esquema de suborno nos pagamentos de medicamentos para pessoas com deficiência. O Congresso exigiu esclarecimentos, e a oposição aproveitou para reforçar a narrativa de que há desvio institucional e falta de transparência.
No cenário econômico, a intervenção cambial recente — com venda de reservas para conter a desvalorização do peso — evidenciou que as exigências do acordo com o FMI não garantem estabilidade automática. A economia argentina apresentou contração de 0,1% no segundo trimestre, e o peso perdeu cerca de 12% de valor em um mês. As reservas estão sob pressão, enquanto o governo luta para manter credibilidade frente a mercados e parceiros.
Tudo isso indica um desgaste político acentuado de Milei. Se no início de seu mandato havia certa tolerância social aos cortes bruscos prometidos, agora há sinais claros de que o governo ultrapassou o limiar da paciência pública. A oposição cresceu em articulação, tanto no Congresso quanto nas ruas, e as instituições democráticas têm reagido, às vezes com derrotas formais ao presidente.
O “abismo” em que a Argentina se enfia não é apenas econômico — ele é político e social. Perder maioria no Congresso, ver vetos derrubados mesmo com maioria presidencial no discurso, enfrentar protestos operários, méritos do governo que eram celebrados (como a queda da inflação em momentos específicos) viram-se insuficientes diante do desemprego, da perda do poder de compra e da sensação geral de insegurança. A governação de Milei até agora tem conseguido avanços macroeconômicos em alguns indicadores, mas os custos sociais e a instabilidade institucional ameaçam esses ganhos.
Se Milei quiser evitar um colapso político — perder a capacidade de aprovar leis, ver minar sua autoridade, ou sofrer um revés contundente nas legislativas de outubro — terá de mostrar flexibilidade, responder às demandas mais urgentes da população e reconstruir algum grau de consenso com o Congresso e com as províncias. Caso contrário, o abismo poderá engolir não só sua gestão, mas deixar sequelas duradouras para a Argentina.
Você acha que Milei ainda tem margem para reverter esse desgaste? Comente o que deveria fazer primeiro: reconquistar apoio popular ou sacrificar parte de suas convicções para aprovar leis? Se gostou dessa análise, compartilhe com amigos e nas redes sociais.
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