Crise no câmbio argentino: A interferência de Javier Milei e o escândalo que abala governo mostram 'fiasco' da gestão
Escândalo de corrupção envolvendo a irmã do presidente expõe contradições na agenda liberal, com impactos econômicos profundos e eleições provinciais à vista
Em um contexto de turbulência política e econômica, a Argentina enfrenta uma nova crise desencadeada por denúncias de corrupção que atingem diretamente o círculo íntimo do presidente Javier Milei. Eleito em novembro de 2023 com promessas de liberalização econômica radical e combate à "casta política", Milei agora lida com acusações que envolvem sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência, em um esquema de propinas no setor de saúde.
Essa controvérsia, revelada por áudios vazados em agosto de 2025, coincide com intervenções do governo no mercado cambial, contrariando a retórica de livre mercado do presidente. Com mais de 15 mil empresas fechadas desde sua posse, queda na popularidade e projeções incertas para os próximos anos, o mandato de Milei é visto por analistas como um "fiasco" em comparação aos anos dourados da economia argentina no início do século XX.
A crise teve início com a divulgação de gravações áudio em 27 de agosto de 2025, publicadas pela imprensa argentina, que supostamente ligam Karina Milei a um esquema de corrupção na Agência Nacional de Deficiência (ANDIS). As gravações, atribuídas a Diego Spagnuolo, ex-diretor da agência, mencionam propinas em contratos de medicamentos e serviços, envolvendo também figuras como Lule Menem, sobrinha do ex-presidente Carlos Menem e assessora próxima de Karina.
Em uma das falas vazadas, Spagnuolo teria dito: "Vamos cobrar 10% de comissão em todos os contratos, e isso vai direto para o topo". O governo nega as acusações, qualificando-as como uma "campanha de difamação" orquestrada por opositores kirchneristas. No entanto, um juiz federal, Sebastián Maraniello, proibiu a publicação de novos áudios em 1º de setembro de 2025, medida criticada por organizações como Repórteres Sem Fronteiras (RSF) como "censura prévia" e uma ameaça à liberdade de imprensa.
A reação do mercado foi imediata e negativa. Em 25 de agosto de 2025, o índice Merval da Bolsa de Buenos Aires caiu 4%, enquanto o peso argentino depreciou quase 3% em relação ao dólar. O governo, liderado pelo secretário de Finanças Pablo Quirno, anunciou intervenções no mercado cambial em 2 de setembro para "contribuir à liquidez e normalidade", uma medida que contrasta com as promessas de Milei de eliminar controles cambiais (conhecidos como "cepo").
Analistas apontam que o escândalo agravou a volatilidade, com acusações de que um banco chinês estaria manipulando o peso, conforme declaração de um alto funcionário do governo: "O banco chinês deliberadamente derrubou o valor do peso". Essa interferência marca uma reversão na política econômica, pois Milei havia relaxado controles em abril de 2025, após um acordo de US$ 20 bilhões com o FMI, mas agora recorre a medidas intervencionistas para evitar uma crise maior antes das eleições provinciais em Buenos Aires, marcadas para 8 de setembro de 2025.
Desde que assumiu em dezembro de 2023, o governo Milei promoveu uma "terapia de choque" com cortes drásticos em gastos públicos, desregulamentação e redução de subsídios, resultando no fechamento de mais de 15 mil pequenas e médias empresas (PMEs) entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025.
Relatórios indicam que o número pode ultrapassar 15 mil até o final de 2025, afetando setores como manufatura e varejo. Empresas como a Celulosa Argentina SA entraram em proteção de falência em setembro de 2025, culpando o ambiente econômico criado pelo governo. A inflação, que atingiu 211% em 2023, caiu para cerca de 43,5% em meados de 2025, mas a custo de uma recessão profunda: o PIB contraiu 2% em 2024, com desemprego subindo para 8% e pobreza afetando 40% da população. Cortes no orçamento de saúde em 48% levaram a demissões de mais de 2 mil funcionários públicos e impactos diretos na população, como relata a Associated Press: "Argentinos sofrem com cortes em saúde enquanto Milei reforma o Estado".
Os impactos das ações de Milei vão além da economia. A desregulamentação promoveu uma "desindustrialização rápida", com críticas de que o país se torna uma "colônia de recursos" dependente de exportações agrícolas e criptomoedas, enquanto direitos indígenas são revertidos para projetos mineradores.
Um relatório do Human Rights Watch de 2025 destaca cortes em programas sociais, exacerbando desigualdades. Politicamente, o escândalo abala a aliança La Libertad Avanza (LLA), com Milei defendendo sua irmã em discursos: "Karina é vítima de calúnias e operações políticas". No entanto, a popularidade do presidente, que chegou a 60% em julho de 2025, caiu para cerca de 45% em setembro, segundo pesquisas da Management & Fit e AS/COA, impulsionada pelo escândalo e protestos, incluindo um incidente em que Milei abandonou um comício após pedras serem atiradas.
Para o futuro, as perspectivas são mistas. O FMI projeta crescimento de 5% em 2025, impulsionado por reformas, mas analistas como o Peterson Institute advertem que eleições de meio de mandato em outubro de 2025 podem frear a agenda de Milei se o escândalo persistir. O controle cambial deve ser totalmente eliminado em janeiro de 2026, segundo o presidente, mas dívidas com o FMI (US$ 20 bilhões em 2025) e volatilidade global ameaçam a estabilidade. Críticos veem um risco de "neoliberalismo autoritário", com o governo aprofundando laços com os EUA sob Trump, enquanto opositores como o governador de Santa Fe, Maximiliano Pullaro, exigem explicações: "O escândalo põe em risco a credibilidade do governo".
Relembrando os anos dourados da Argentina, entre 1860 e 1930, o país foi uma potência econômica graças ao boom agrícola nas Pampas, com exportações de trigo, milho e carne elevando o PIB per capita ao oitavo lugar mundial em 1910.
Frases como "rico como um argentino" ecoavam na Europa, com crescimento anual de 6% até 1914. No entanto, a Grande Depressão de 1930 e políticas protecionistas pós-1940, incluindo o peronismo, iniciaram um declínio: de 1975 em diante, a renda per capita caiu para 60% da francesa, culminando em crises como a hiperinflação dos anos 1980 e defaults em 2001 e 2020. A gestão de Milei, prometendo romper com esse ciclo, é criticada como um "fiasco" por repetir erros: austeridade sem inclusão social, levando a estagnação e corrupção, em vez de uma verdadeira recuperação.
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