Crise no Banco Master: Aliados de Daniel Vorcaro acusam Haddad e Esteves de influenciar prisão do banqueiro
Revelações de bastidores da operação da PF revelam tensões no mercado financeiro e equipe de defesa de alto calibre
A prisão de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, na noite de segunda-feira (17 de novembro de 2025), no Aeroporto Internacional de Guarulhos, continua a reverberar no mercado financeiro brasileiro, agora com acusações cruzadas de pessoas próximas ao empresário. Elas atribuem o revés ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e ao banqueiro André Esteves, sócio-fundador e presidente do conselho de administração do BTG Pactual, sugerindo influência direta na deflagração da operação da Polícia Federal (PF) que culminou na detenção de Vorcaro. A informação, divulgada pelo colunista Lauro Jardim em seu blog no O Globo, destaca o clima de tensão entre atores poderosos do setor financeiro e o governo federal, em meio à liquidação extrajudicial do Banco Master decretada pelo Banco Central (BC) na manhã seguinte.
Vorcaro, natural de Belo Horizonte (MG), foi detido no Terminal Executivo do aeroporto quando se preparava para embarcar em um jato particular Falcon 7X rumo a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, ou possivelmente a Malta, conforme apurado por veículos como Metrópoles e NeoFeed. A PF antecipou a execução do mandado de prisão preventiva, que fazia parte da Operação Compliance Zero, após receber informações de que o banqueiro planejava fugir do país para evitar a captura.
A operação, autorizada pela Justiça Federal, investiga suspeitas de emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras integradas ao Sistema Financeiro Nacional, com cumprimento de sete mandados de prisão (incluindo três diretores do banco) e 25 de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. Até o momento, a defesa de Vorcaro não se manifestou publicamente sobre as acusações.
As críticas de aliados de Vorcaro a Haddad e Esteves surgem no contexto de negociações frustradas envolvendo o Banco Master. O BTG Pactual, sob liderança de Esteves, havia manifestado interesse prévio em adquirir ativos de menor risco da instituição, conforme reportado pela CNN Brasil. Em abril de 2025, Vorcaro e Esteves se reuniram na sede do banco na Avenida Faria Lima, em São Paulo, para discutir potenciais negócios, segundo o blog de Lauro Jardim. No entanto, o Banco de Brasília (BRB), controlado pelo Governo do Distrito Federal, avançou em tratativas para comprar o Master, o que foi negado pelo BC em setembro de 2025 devido a irregularidades no modelo de negócios do banco, baseado em emissões agressivas de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com rentabilidades elevadas e investimentos em ativos ilíquidos. Recentemente, o Grupo Fictor indicou interesse na aquisição, mas a liquidação extrajudicial assinada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, selou o fim das operações do Master, que acumulava R$ 58 bilhões em CDBs emitidos até março de 2025.
A menção a Haddad, ministro da Fazenda desde janeiro de 2023, reflete percepções de interferência governamental nas decisões regulatórias do BC, embora não haja evidências públicas de envolvimento direto do ministro na operação da PF ou na liquidação. Esteves, por sua vez, tem histórico de relações com o mercado regulado: em 2015, foi preso na Operação Lava Jato por suspeita de obstrução de justiça, mas foi absolvido e retomou o comando do BTG em 2022. Relatórios da Revista Fórum de abril de 2025 apontam que Esteves atuou como conselheiro em negociações do Master, inclusive com due diligence envolvendo Bruno Bianco, ex-Advogado-Geral da União (AGU) no governo Jair Bolsonaro (sem partido), que assessora o BTG como gerente sênior de relacionamento desde 2023.
Em resposta às acusações, fontes próximas ao BTG Pactual e ao Ministério da Fazenda não comentaram o assunto até o fechamento desta reportagem, priorizando a colaboração com as autoridades. A PF informou que a Operação Compliance Zero visa preservar a integridade do sistema financeiro, sem detalhar motivações políticas.
Para reforçar sua defesa, Vorcaro montou uma equipe de advogados de peso. O principal nome é Walfrido Warde, conhecido por sua atuação agressiva e polêmica em casos de grande repercussão, como defesas em investigações da Lava Jato e disputas societárias no setor financeiro. Warde, sócio do escritório Warde Advogados, em São Paulo, é descrito por colegas como um “atirador de elite” no foro, com histórico de vitórias em recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). Integrando o time, está Bruno Bianco, 51 anos, que além de sua passagem pela AGU (2021-2022), atuou como procurador federal e consultor em transações bancárias.
Bianco, que exonerou-se da carreira pública para ingressar no BTG, foi responsável por análises de risco nos negócios de Vorcaro, incluindo participações em companhias de etanol, conforme reportagens da Revista Fórum. A dupla representa uma estratégia de defesa combativa, focada em questionar a legalidade da prisão e buscar habeas corpus no STF.
Essa configuração de defesa sinaliza que Vorcaro planeja uma batalha judicial prolongada, possivelmente alegando falta de provas ou perseguição regulatória. Analistas do mercado, como os consultados pelo NeoFeed, veem o caso como um alerta para a governança em bancos de médio porte, reforçando a necessidade de transparência em emissões de títulos garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Investidores afetados pelo Master devem priorizar o acionamento do FGC para ressarcimentos.
Para os milhares de investidores afetados, o caminho mais seguro é acionar imediatamente o FGC, que atua como um seguro para investimentos como CDBs, cobrindo até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, incluindo rendimentos acumulados até a data da liquidação.
Por exemplo, um aporte de R$ 200 mil com R$ 70 mil em rendimentos seria ressarcido integralmente pelo fundo, mas valores acima do limite exigem habilitação no processo de liquidação. “Tudo que extrapolar o FGC, o investidor deverá entrar na massa falida como ‘credor quirografário’, no último lugar da fila de recebimento. Depois que os ativos forem vendidos e todos os outros credores receberem, se sobrar alguma coisa, os quirografários dividem”. O procedimento para acionar o FGC não é automático: o liquidante deve enviar a lista de credores ao fundo em até 30 dias, em média, com base em liquidações anteriores desde 2018. Para saldos acima do limite, especialistas sugerem assessoria jurídica imediata. “É necessário que este registre seu crédito junto ao liquidante e acompanhe de perto o seu processo de liquidação. Não é garantido que os valores serão recebidos”, orienta Gustavo Rabello, sócio de mercado de capitais do escritório SouzaOkawa.
Investidores pessoas físicas cadastram-se via aplicativo do FGC, visualizam o valor devido e assinam um termo para transferência em até 48 horas úteis. Pessoas jurídicas usam o site. Atualizar contatos nos bancos é essencial para receber notificações oficiais, como recomenda Jeff Patzlaff, planejador financeiro: “Com isso você receberá as notificações oficiais de maneira confiável e saberá os próximos passos a seguir”.
O monitoramento deve ocorrer no site do liquidante e em canais oficiais do BC. Quanto ao risco sistêmico, analistas descartam impactos amplos no sistema financeiro brasileiro, apesar do volume de CDBs representar metade da liquidez do FGC. O desembolso efetivo será menor devido ao teto de R$ 250 mil, e mecanismos como o fundo e a regulação do BC isolam o problema. “Haverá quebra da confiança por algum tempo e talvez impactos específicos em setores que o Banco possui forte presença, mas o Banco Central e o FGC atuam justamente para mitigar esses riscos, isolando problemas e garantindo a solidez do sistema como um todo”. Felipe Souto, fundador da Bloxs Solutions, reforça: “O sistema financeiro brasileiro é sólido, com mecanismos de proteção como o FGC e o próprio BC. Os impactos ficam restritos aos investidores expostos ao banco”.
O episódio expõe as interseções entre política, regulação e finanças no Brasil, com Vorcaro – que transformou o Master em uma potência de captação via CDBs, reportando lucros de R$ 1 bilhão em 2024 – agora no centro de um furacão investigativo. Resta saber se as acusações de seus aliados a Haddad e Esteves ganharão tração ou se dissiparão como ruído em meio ao processo de liquidação.
O que você pensa sobre as acusações contra Haddad e Esteves? Elas revelam falhas na regulação bancária ou são mera retórica de defesa? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para debatermos o impacto no mercado financeiro!
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