Crise na Ambipar: Empresa demite 35 gestores e anuncia reformas na estrutura corporativa
Em meio a uma recuperação judicial e questionamentos regulatórios, a companhia ambiental revela medidas drásticas para corrigir deficiências internas
A Ambipar, empresa brasileira líder em serviços de gestão ambiental e resíduos, confirmou oficialmente nesta segunda-feira (1º de dezembro de 2025) a demissão de 35 diretores e gestores, medida tomada após a identificação de “falhas graves na execução das melhores práticas de governança e gestão de riscos”. A revelação veio em um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), respondendo a um ofício da B3 datado de 30 de setembro de 2025, que cobrava esclarecimentos sobre reportagens que apontavam as dispensas antes mesmo do pedido de tutela cautelar pela companhia. A notícia inicial havia sido publicada pelo Pipeline, site de negócios do Valor Econômico, no final de setembro, e agora ganha contornos mais amplos com a admissão formal da empresa.
Os executivos demitidos estavam subordinados diretamente ao ex-diretor financeiro (CFO), João Daniel Piran de Arruda, que renunciou ao cargo em 19 de setembro de 2025, após pouco mais de um ano na função – período marcado por uma série de saídas no alto escalão da companhia. De acordo com fontes próximas ao caso, reportadas pelo Valor Econômico, as demissões ocorreram nos dias que antecederam o ajuizamento da ação de tutela cautelar em caráter antecedente, como parte de uma preparação para o processo de recuperação judicial protocolado pela Ambipar. Entre os nomes dispensados estão o diretor jurídico Mauro Nakamura, a gerente-geral de compliance Lilian Nascimento, o diretor-geral de recursos humanos Fabio Armani, a diretora de integração Marcia Sarro e o ex-diretor de relações com investidores Pedro Borges Petersen, que deixou o posto em 15 de setembro e foi substituído por Ricardo Rosanova Garcia, executivo interno com laços ao principal acionista, Tércio Borlenghi Júnior. A estrutura organizacional ligada a essas áreas foi completamente desmobilizada, conforme detalhado no comunicado à CVM.
Essa onda de dispensas não surge isolada, mas insere-se em um contexto de turbulências financeiras e regulatórias que abalam a Ambipar desde o início de 2025. A companhia, listada na B3 sob o código AMBP3, enfrenta uma dívida líquida de R$ 5,99 bilhões reportada no segundo trimestre de 2025, com alavancagem de 2,56 vezes o EBITDA, segundo dados divulgados ao mercado.
Em março de 2025, a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM determinou uma oferta pública de aquisição (OPA) devido ao aumento de participação do controlador Tércio Borlenghi Júnior, que, em conjunto com fundos ligados ao Banco Master e ao empresário Nelson Tanure, teria inflado artificialmente a cotação das ações para usá-las como garantia no leilão da EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia). Em junho, a autarquia abriu um processo administrativo sancionador (PAS) contra Borlenghi e outros executivos, incluindo o diretor operacional Guilherme Patini Borlenghi, a diretora-adjunta Luciana Freire Barca Nascimento e o diretor de integração e finanças Thiago da Costa Silva, por supostas irregularidades no programa de recompra de ações.
A crise ganhou contornos ainda mais agudos em setembro, quando a Ambipar anunciou uma revisão em sua governança, contratando nomes de peso como a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira e o ex-diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC) Roberto Azevêdo como “senior advisors”. No entanto, apenas uma semana depois, veio a debandada, coincidindo com o pedido de proteção judicial contra credores. Em outubro, o ex-CFO João Arruda contra-argumentou judicialmente, ingressando com um pedido de busca e apreensão de documentos contra diretores da empresa, alegando “falha de governança, balanço inflado e má-fé” na condução da crise, conforme petição reportada pelo O Globo. Arruda, que acumulava quase 15 anos de experiência no Bank of America, negou responsabilidade exclusiva e apontou deficiências na alta gestão. Em resposta, a Ambipar abriu um inquérito policial em 14 de outubro de 2025, investigando Arruda por crimes como falsidade ideológica, fraude e estelionato.
Diante do cenário, a Ambipar enfatiza em seu comunicado à CVM que as medidas visam fortalecer os controles internos e correção de deficiências. A companhia está “estudando e implementando mudanças” na estrutura de governança para torná-la “mais enxuta, eficiente e alinhada à realidade operacional”, com conclusão prevista para fevereiro de 2026. Um rascunho de organograma foi divulgado ao mercado, sinalizando uma simplificação hierárquica. Recentemente, em novembro de 2025, a empresa contratou o banco BR Partners como assessor financeiro para renegociar passivos e estruturar o plano de recuperação judicial, protocolado no Rio de Janeiro – escolha contestada por credores, que alegam foro mais favorável e buscam revogar a proteção em ações judiciais.
O impacto no mercado foi imediato: as ações AMBP3 e os bonds da companhia, com vencimento em 2029 e 2031, registraram quedas acentuadas em setembro e outubro de 2025, com os títulos de dívida caindo de US$ 83 para US$ 48,50, conforme dados do Seu Dinheiro. A Fitch Ratings revisou a perspectiva de ratings da Ambipar para negativa em setembro, citando “problemas contínuos de governança corporativa” e visibilidade limitada sobre a posição de caixa, estimada em R$ 4,1 bilhões em junho de 2025 contra uma dívida total de R$ 11,1 bilhões. No X (antigo Twitter), a notícia repercutiu amplamente nesta terça-feira (2 de dezembro), com veículos como @valoreconomico e @EInvestidor destacando as demissões, enquanto perfis como @contador_trader e @GranaCapital comentaram os riscos para investidores.
Para o setor de gestão ambiental, que faturou bilhões no Brasil em 2024 impulsionado por demandas ESG (ambiental, social e governança), o caso Ambipar acende alertas sobre os desafios de alavancagem excessiva e transparência. Especialistas consultados pelo InfoMoney apontam que, apesar das dívidas, a companhia preserva operações estratégicas em resíduos e saneamento, mas a confiança dos investidores dependerá da efetividade das reformas. A CVM continua monitorando, com pedidos de acesso a dados sigilosos no processo de recuperação, incluindo fluxos de caixa e extratos bancários, para evitar precedentes como o escândalo da Americanas em 2023.
Palavras-chave: Ambipar, demissões, governança corporativa, recuperação judicial, CVM, B3, João Arruda, Tércio Borlenghi, gestão de riscos, AMBP3, ESG, saneamento.
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