Correios planejam reformulação de cargos e jornada para superar crise e aumentar entregas em fins de semana
Em meio a prejuízos recordes e negociações por R$ 20 bilhões em empréstimos, estatal busca maior mobilidade interna e redução de ações trabalhistas para se equiparar a concorrentes privados
Os Correios, empresa estatal brasileira responsável pela distribuição de correspondências e encomendas, estão avaliando uma ampla reformulação em seu plano de cargos e salários. A iniciativa visa ampliar a mobilidade interna de funcionários, permitir jornadas de trabalho flexíveis – como a escala de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso – e intensificar as entregas nos finais de semana. Essa medida faz parte de um plano maior de reestruturação, impulsionado por dificuldades financeiras e a necessidade de maior competitividade frente a players privados do setor logístico.
De acordo com fontes próximas à companhia, a estrutura atual de cargos é considerada “engessada e fragmentada”, o que impede a realocação rápida de empregados em áreas com déficits operacionais, como centros de distribuição ou agências comerciais. Hoje, funções como carteiro, agente de correios, atendente comercial e operador de triagem e transbordo são tratadas como cargos distintos, sujeitos a questionamentos judiciais em caso de remanejamento. A proposta em estudo é criar “cargos transversais” – possivelmente um ou poucos tipos unificados –, facilitando a movimentação interna e reduzindo gargalos. Além disso, a empresa prevê mais de dez tipos de funções de chefia com remuneração adicional, que também seriam simplificadas.
A flexibilização da jornada de trabalho, atualmente fixada entre 40 e 44 horas semanais conforme a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), é outro pilar central. Com a adoção de escalas diferenciadas, os Correios pretendem expandir o serviço de entregas aos sábados e domingos, operação hoje limitada a poucas localidades e que representa um diferencial para concorrentes como transportadoras privadas. “A companhia poderia ampliar o serviço de entrega nos finais de semana”, avaliou uma fonte envolvida nas discussões, destacando o potencial para capturar maior fatia do mercado de e-commerce.
Essa reformulação não ocorre em um vácuo isolado. Os Correios enfrentam uma crise financeira aguda, com prejuízo de R$ 2,64 bilhões no segundo trimestre de 2025 (abril a junho), quase cinco vezes o registrado em igual período de 2024 (R$ 538 milhões). No acumulado do primeiro semestre, o rombo chegou a R$ 4,37 bilhões, superando o prejuízo anual de 2024, que foi de R$ 2,6 bilhões. Um dos vilões principais foi o salto nas despesas com precatórios – títulos de dívidas judiciais –, que totalizaram R$ 1,2 bilhão no trimestre, alta de 812,6% ante os R$ 131,4 milhões de 2024. No semestre, o valor subiu para R$ 1,59 bilhão, crescimento de 498,9%.
Dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) revelam o agravamento do passivo trabalhista: em 12 meses até outubro de 2025, foram abertos 56,5 mil processos contra a estatal na Justiça do Trabalho, 16,8 mil a mais que no período anterior. Esses números incluem ações em diferentes instâncias e podem envolver múltiplos processos por trabalhador. A própria empresa protocolou 16,8 mil ações nos últimos 12 meses, 6,5 mil acima do comparativo anterior, em uma tentativa de monitorar e mitigar riscos.
A revisão do plano de cargos é vista como uma forma de reduzir essa vulnerabilidade a litígios. Exemplos de falhas gerenciais, como a não incorporação administrativa de funções gratificadas ao salário após dez anos no mesmo posto – direito já reconhecido judicialmente –, criaram um “terreno fértil” para novas demandas. A gestão atual exige análise jurídica prévia para decisões salariais, e uma consultoria externa está sendo contratada para diagnosticar as causas do aumento nas condenações. A auditoria independente Consult Auditores, em relatório sobre as demonstrações de 2024, apontou “fragilidades” e “inconsistências” nas provisões para perdas judiciais, o que levou à republicação de balanços anteriores para incorporar passivos acumulados há mais de cinco anos.
O conselho de administração dos Correios tem cobrado melhorias no monitoramento jurídico desde o início de 2025, autorizando a compra de software específico e a contratação de consultoria especializada em 24 de setembro. Representantes da estatal afirmam que o mapeamento do passivo já melhorou: para o fim de 2025, projeta-se pagamento adicional de R$ 960 milhões em precatórios; em 2026, R$ 1,27 bilhão.
Para viabilizar a reestruturação, os Correios negociam um empréstimo de R$ 20 bilhões com bancos públicos e privados, garantido pelo Tesouro Nacional, que assumiria pagamentos em caso de inadimplência. A captação, vinculada ao plano de ajuste, está sendo “pulverizada” para atrair mais instituições e reduzir custos de juros, evitando questionamentos regulatórios futuros. Anunciada em outubro, a operação visa equilibrar as contas e custear operações essenciais, em meio a um ciclo de 12 trimestres consecutivos de prejuízo, totalizando R$ 8,38 bilhões desde 2022.
Nem todas as mudanças dependerão de acordos coletivos com sindicatos, mas o comando da empresa analisa impactos para evitar resistências. Em discussão, incentivos financeiros para migração a novos cargos e remuneração variável para empregados atuais. “Os detalhes ainda estão em estudo”, comentou uma fonte próxima, enfatizando a necessidade de equilíbrio entre eficiência e direitos trabalhistas.
Essa movimentação ocorre em um contexto de debates mais amplos sobre o papel das estatais no Brasil. Nas redes sociais, como o X (antigo Twitter), usuários expressam preocupações com a sustentabilidade dos Correios, com postagens criticando o “estatismo” e defendendo privatizações, enquanto outros destacam a importância do serviço universal de entregas. A reformulação pode ser um divisor de águas para a companhia, mas sua implementação dependerá de negociações delicadas e resultados concretos na redução de custos.
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