Copom mantém Selic em 15%: juros altos sufocam crescimento e aprofundam desigualdades no Brasil
Enquanto o Fed alivia a economia americana, decisão do Banco Central Brasileiro prioriza inflação em meio a sinais de desaceleração
Em uma “Super Quarta” marcada por decisões cruciais nos mercados globais, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, optou pela quarta vez em manter a taxa básica de juros, a Selic, inalterada em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas, desde julho de 2006. A decisão, tomada por unanimidade e anunciada na noite desta quarta-feira, contrasta diretamente com o movimento do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que, horas antes, reduziu sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano, marcando o terceiro corte consecutivo em 2025.
A manutenção da Selic em níveis elevados ocorre em um contexto de inflação em trajetória de arrefecimento, mas ainda acima da meta de 3% ao ano (com tolerância de ±1,5 ponto percentual), e de expectativas inflacionárias ancoradas em torno de 4,4% para 2025 e 4,2% para 2026, conforme o Boletim Focus do Banco Central. No comunicado oficial, o Copom destacou que “o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica”, referindo-se aos dados recentes do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceram apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025 em relação ao anterior, e 2,7% no acumulado de 12 meses, sinalizando estagnação em setores sensíveis aos juros altos.
Essa escolha por uma política monetária “significativamente contracionista por período bastante prolongado”, como descrito no documento, reforça uma estratégia de convergência da inflação para a meta, mas à custa de um freio abrupto na economia real. Analistas e entidades setoriais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), criticam a medida por “sufocar a atividade econômica e isolar o Brasil no contexto internacional de juros reais”. O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou em nota que “a Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda”. De fato, o IPCA de novembro registrou alta de 0,18%, o menor índice mensal desde março de 2020, impulsionado por desaceleração em alimentos e serviços, mas pressionado por itens como energia elétrica.
O contraste com os EUA: Alívio global versus restrição doméstica
Do outro lado do Atlântico, o Fed, presidido por Jerome Powell, sinalizou otimismo para 2026, com projeções de crescimento econômico acelerado, inflação em queda para 2,1% e taxa de desemprego recuando, apesar de manter a taxa de juros acima do esperado para o próximo ano. “As condições do mercado de trabalho parecem estar se desacelerando gradualmente”, comentou Powell em coletiva após o anúncio, enfatizando que o corte reflete maior preocupação com o enfraquecimento do emprego do que com a inflação persistente. Essa abordagem dovish (mais branda) contrasta com a postura hawkish (mais restritiva) do Copom, presidido por Gabriel Galípolo, que, em evento recente, defendeu os 15% como necessários para produzir efeito na inflação, embora “não na velocidade que a gente gostaria”.
O impacto desse diferencial é imediato: enquanto o corte do Fed pode atrair fluxos de capital para emergentes como o Brasil, a Selic elevada desestimula investimentos produtivos, eleva o custo do crédito para empresas e famílias e pressiona a dívida pública, que saltou para 78,6% do PIB em outubro de 2025. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento das famílias atingiu 51,5% da renda disponível em 2025, o maior nível histórico, agravado por spreads bancários que elevam a taxa média de juros para empresas a 24,5% ao ano.
Estagnação econômica: Juros altos como freio ao crescimento
A manutenção da Selic em 15% agrava um cenário de estagnação que já se desenha há meses. O PIB brasileiro, que cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 (garantindo o 5º lugar global no ranking da Austin Rating), despencou para 0,4% no segundo trimestre, relegando o país à 32ª posição entre 55 economias avaliadas.
Especialistas atribuem essa desaceleração aos juros altos, que encarecem financiamentos e reduzem o consumo e investimentos. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou para baixo sua projeção de crescimento setorial para 1,3% em 2025, citando explicitamente “os impactos do ciclo prolongado de juros altos”.
No mercado de trabalho, apesar da resiliência (desemprego em 5,4%, menor taxa desde 2012), os juros elevados fragilizam as condições financeiras de consumidores e empresas, limitando a geração de empregos formais. A taxa de juros média para concessões de crédito às empresas subiu de 20,6% ao ano em setembro de 2024 para 24,5% em setembro de 2025, conforme dados do Banco Central. Isso reflete um “efeito crowding out”, em que o Tesouro Nacional absorve recursos para rolar a dívida, deixando menos capital para o setor privado.
Nas redes sociais, a reação foi imediata e polarizada. Perfis como @eixopolitico destacaram a decisão como “unânime, mas em meio a expectativas de inflação ainda altas”, enquanto @folha apontou a pressão do governo por cortes, em vão. Economistas como @rvitoria, da Interbr, argumentaram que “sem capacidade de oferta na economia, o consumo vai gerar inflação e não crescimento real”, com juro real em 10% resultando em déficit nominal de 8% do PIB. Já @bea_aguillar, analista CNPI, defendeu cortes para frear a dívida, sugerindo reformas como fim de supersalários no funcionalismo.
Benefícios para rentistas: Um “paraíso” financeiro às custas da economia real
A decisão do Copom não só perpetua a estagnação, mas aprofunda desigualdades ao favorecer rentistas – investidores que lucram com aplicações financeiras de baixo risco. Com a Selic em 15%, a renda fixa atraiu R$ 243 bilhões em 2024, enquanto fundos de ações e multimercados registraram saídas líquidas, transformando o Brasil em um “paraíso dos rentistas”, conforme análise do Portal Tela.
Instituições financeiras detêm 29,67% da dívida interna, fundos de investimento 23,53% e previdência 22,99%, acumulando ganhos recordes à custa do endividamento público e familiar. A CUT, central sindical ligada ao PT, criticou a medida em nota: “a alta da Selic prejudica a sociedade e só serve a banqueiros, agiotas e rentistas, que lucram com a elevação da dívida pública e das taxas de juros”. Essa dinâmica desestimula investimentos produtivos, ampliando a concentração de renda e limitando a geração de empregos, como alertado pela Forbes em análise sobre o “efeito rentista”.
O governo Lula, por meio da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, reconhece os impactos: a subsecretária Raquel Nadal destacou que “os juros altos já impactaram as concessões de crédito bancário e desaceleraram o dinamismo do mercado de trabalho”. Ainda assim, projeções do governo ajustaram o PIB de 2025 para 2,2% (de 2,3%) e inflação para 4,6% (de 4,8%), atribuindo parte da restrição à política monetária.
Perspectivas para 2026: Sinais de alívio, mas com cautela
Embora o Copom sinalize vigilância, o mercado precifica cortes iniciais em janeiro ou março de 2026, conforme pesquisa Projeções Broadcast. A Folha de S.Paulo reportou que, apesar do PIB fraco, o comitê deve “abrir espaço para corte em 2026” . No X, @InvestingBrasil reforçou: “o mercado aguarda sinais de que os cortes podem começar em breve”.
Entidades como a Fenafisco veem o atual patamar como excessivo, com apostas divididas entre janeiro e março para o início do ciclo de queda . O risco de estagflação – estagnação com inflação elevada – persiste, com projeções de IPCA em 5% para 2025 e 4% para 2026, forçando o BC a equilibrar controle de preços e estímulo ao crescimento.
Essa manutenção da Selic não é isolada: reflete um ciclo histórico de juros elevados no Brasil, impulsionado por pressões fiscais e volatilidade cambial, como o dólar a R$ 5,90 projetado para 2025. Sem reformas estruturais – como maior produtividade e ajuste fiscal sustentável –, o país arrisca prolongar a estagnação, beneficiando poucos enquanto a maioria paga a conta.
O que você acha dessa decisão? A Selic em 15% é o remédio certo para a inflação ou um veneno para o crescimento? Comente abaixo e compartilhe este artigo para debatermos o futuro econômico do Brasil!
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