Conflito em Machadinho do Oeste: PM de Rondônia mata dois Sem-Terra em operação de reintegração de posse
Versões Opostas e Acusações de Perseguição Marcaram a Desocupação de Fazendas do Grupo Di Genio; 440 Famílias Ficam Sem Abrigo
Em um episódio que reacende o debate sobre conflitos agrários na Amazônia, policiais militares de Rondônia mataram dois sem-terra na quinta-feira, 20 de novembro de 2025, durante a desocupação de quatro fazendas em Machadinho do Oeste (RO). Os irmãos Alex Santos Santana e Alessandro Santos Santana, participantes da ocupação junto a centenas de famílias, foram baleados em uma abordagem policial na Rodovia RO-133. O incidente ocorre no contexto de reintegrações de posse ordenadas pela Justiça, mas gera controvérsias sobre a conduta das forças de segurança e a falta de alternativas para os despejados.
De acordo com a Polícia Militar de Rondônia (PM-RO), os irmãos foram atingidos após trocarem tiros com agentes do Batalhão de Choque, que patrulhavam uma área já desocupada para prevenir novas invasões. Segundo o relato oficial, os policiais avistaram um Renault Clio trafegando em alta velocidade e sinalizaram para parada, mas o veículo ignorou o comando e fugiu, com os ocupantes atirando contra as viaturas.
“O veículo prosseguiu em fuga até ser cercado por outras viaturas. Mas, ao tentar se esconder em uma área de mata, o carro ficou preso em areia fofa. Dois indivíduos armados desembarcaram e dispararam novamente contra as guarnições, configurando um segundo ato de agressão armada”, detalhou a PM em comunicado.
Os irmãos foram encontrados caídos em um matagal: um com ferimento no peito e o outro na perna. Levados ao Hospital Municipal de Machadinho do Oeste, não resistiram aos ferimentos. A PM apreendeu duas armas de fogo e munições no local, mas admitiu que a Perícia Criminal não compareceu devido à distância e ao histórico de conflitos na região, mesmo após a remoção dos corpos. O veículo foi recolhido para análise.
Fontes ligadas à Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contestam veementemente a versão policial. O assessor agrário da CPT, Josep Iborra, conhecido como Zezinho, descreve o episódio como uma “caçada humana” contra os sem-terra, que já haviam iniciado a desocupação pacífica das fazendas Maruins, Santa Maria, São Miguel e São Vicente, pertencentes ao espólio do empresário João Carlos Di Genio, fundador do grupo educacional Unip/Objetivo.
“As 440 famílias já desocuparam as fazendas, pacificamente, mas muitas delas continuam nas imediações, dispersas, escondidas no mato, sem ter para onde ir”, afirmou Zezinho, negando intenções de reocupação e destacando que os irmãos faziam parte do grupo que deixou a Fazenda Santa Maria. “Segundo os sem-terra, não houve troca de tiros. Os corpos foram levados para o hospital, e o cenário das mortes não foi preservado para a perícia”, acrescentou o assessor.
A desocupação, segundo Zezinho, ocorreu sem notificação prévia aos ocupantes e sem a elaboração de um Plano de Desocupação, como exige o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em ações possessórias coletivas. A operação envolveu dezenas de viaturas, helicópteros e um carro blindado, apesar de as ordens judiciais terem sido emitidas entre 30 de maio e 3 de outubro de 2025, por dois juízes do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO): Matheus Brito Nunes Diniz e Pauliane Mezabarba. Os sem-terra alegam que as propriedades são terras públicas griladas, reivindicando sua destinação à reforma agrária.
A PM-RO rebate as críticas, afirmando que sua ação visa proteger oficiais de Justiça e restabelecer a ordem pública. “A conduta dos envolvidos, ao desobedecer a ordens legais e disparar contra agentes públicos, representou um grave risco à coletividade e à ordem pública, justificando a intervenção da guarnição”, sustentou a corporação, que manterá o Batalhão de Choque na região durante a Operação Reintegração de Posse Grupo Di Genio.
Do lado dos proprietários, advogados representantes do Grupo Di Genio relatam invasões sucessivas às fazendas, adquiridas na década de 1970 para recria e engorda de gado, desde pelo menos o ano passado. Eles ingressaram com ações civis e criminais na Justiça estadual para reintegração de posse e reparação por danos, incluindo desmatamento ilegal, extração de madeira com tratores, caminhões e motosserras, além da construção de barracos e loteamento irregular para revenda.
A CPT acionou o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, a Ouvidoria Agrária Nacional e os Ministérios Públicos estadual e federal para monitoramento e solução do conflito. A Agência Brasil contatou o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Ministério Público de Rondônia, mas aguardava manifestações até o fechamento desta reportagem. Em redes sociais, o tema ganhou repercussão limitada, com postagens em perfis locais e regionais ecoando as versões oficiais e críticas da CPT, sem novos detalhes significativos.
Esse episódio em Machadinho do Oeste ilustra as tensões persistentes na reforma agrária brasileira, onde disputas por terra produtiva colidem com demandas por inclusão social. Com 440 famílias dispersas e sem perspectiva imediata de assentamento, a região permanece volátil, demandando intervenção federal para evitar escaladas.
O que você acha dessa situação? As versões contraditórias levantam questões sobre transparência e direitos humanos. Comente abaixo sua opinião e compartilhe este artigo para ampliarmos o debate sobre reforma agrária no Brasil!
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