Coluna - A esquerda derreteu em Rondônia e Confúcio vira último bastião de sobrevivência
Direita se organiza para assumir controle do Senado e 'enquadrar STF'; governo tem que explicar naufrágio de barco hospital; Moraes na mira de Greennwald
Apenas um tiro
A esquerda em Rondônia derreteu em todo o Estado e as projeções para 2026 não são das melhores. Nomes como Fátima Cleide, Anselmo de Jesus e Roberto Sobrinho, por mais que se esforcem, não conseguem convencer nem decolar junto ao eleitorado. A única alternativa seria fechar em torno de um único nome, que não é propriamente de esquerda, mas é quem tem melhor avaliação e navega na esquerda, centro e ainda pega os indecisos e aqueles que não votariam na direita por antipatia, trata-se de Confúcio Moura.
Feedback
Na cerimônia de entrega de chaves do Minha Casa Minha Vida, realizada em Porto Velho na semana passada, o ex-prefeito da capital por dois mandatos, Roberto Sobrinho compareceu assim como a deputada petista Claudia de Jesus. Quando ela citou o nome de Lula, recebeu uma pequena vaia. O ‘feedback’ da população foi um reflexo de como anda a popularidade do PT e legendas aliadas na capital, cujo eleitorado é mais flexível que o do interior. Algumas cidades que já foram administradas pelo PT, como Cacoal e Ji-Paraná, não querem nem ouvir falar em candidatos petistas. Tanto que a legenda conta hoje com apenas a deputada estadual, Cláudia de Jesus que foi eleita com um total de 18.672 votos nas eleições de 2022.
Voltando a Confúcio
O ex-senador Acir Gurgacz, atualmente inelegível, assim como Ivo Cassol aguarda as alterações na Lei da Ficha Limpa, que tramita no Senado, para tentar ser candidato em 2026. Na hipótese de ter sucesso, Acir fragmentaria os votos, já que ele pressiona o PT para apoia-lo. Confúcio, por sua vez, não tem tanta rejeição quanto se imagina, e tem demonstrado que mesmo sendo o único que defende Lula em Rondônia, ainda tem fôlego para a reeleição, e com apoio fechado da esquerda, seria o nome com reais chances de garantir a vaga.
Direita se organiza
Ao mesmo tempo, a direita comandada por Jair Bolsonaro tem uma estratégia clara, a de dominar o Senado com ampla maioria para tentar ‘enquadrar’ o STF em 2027. Para isso, Bolsonaro vem escolhendo a dedo os candidatos que vai apoiar para a Casa Alta, e ele tem um perfil definido, tem que ser bom de briga e apolítico. Daí sua simpatia pelo pecuarista Bruno Scheidt, que Bolsonaro enxerga como ‘provocador’ e ‘bruto o suficiente’ para ajudar em seu projeto.
Alguns links importantes desta quinta-feira…
Em Rondônia
A direita vai se esforçar ao máximo para impedir a reeleição de Confúcio, enxergado como ‘comunista’ pela direita mais radical e ‘governista demais’ pela direita moderada. Já a esquerda, ensaia trabalhar com candidaturas próprias, mas internamente sabe que nenhum nome atual agrega tanto quando Confúcio Moura. E nesta altura do campeonato ‘pagar para ver’ é uma aposta burra. A esquerda em Rondônia já atingiu seu teto no passado, chegando a ocupar diversas prefeituras, cinco cadeiras na Assembleia Legislativa, além de ter eleito uma senadora (Fátima) e dois deputados federais na mesma legislatura, com chances reais de ter vencido o governo, não fossem as desastradas gestões. Tudo isso acabou.
Reflexos
Neste dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, a Central Única dos Trabalhadores, sindicatos e até mesmo o PT de Rondônia, não promoveram nenhuma manifestação na capital, foi apenas ‘um feriado comum', bem diferente das mobilizações do passado, que reuniam as mais diversas categorias. Isso também reflete um distanciamento da esquerda com as bases, que sempre deram sustentação ao partido.
Também é inevitável
Que a partir de 2026 o Estado siga sendo governado pela direita. O nome em alta para isso é o do senador Marcos Rogério, derrotado em 2022 por Marcos Rocha em uma eleição bem apertada, o que não deve se repetir em 2026. Rogério vem costurando apoios e se estruturando para garantir a vitória. A seguir nesse ritmo, e com Lula demonstrando sinais de cansaço, o PT caminha para o mesmo futuro do PSDB, ser obrigado a compor através de fusão para não desaparecer completamente.
Naufrágio
O governo de Rondônia terá muito a explicar sobre o naufrágio do barco hospital Walter Bártolo, que ainda está à deriva no rio Mamoré, em Guajará-Mirim. a embarcação que custou cerca de R$ 4 milhões, atendia ribeirinhos e tinha equipamentos modernos de navegação e exames diversos para atendimentos médicos. Ela simplesmente virar por uma manobra mal feita, não é uma explicação convincente. Alguém precisa ser responsabilizado pelos prejuízos. E é bom lembrar que até que se tenha um substituto, as comunidades estarão desassistidas.
E o Moraes?
O jornalista americano Gleen Greenwald, responsável pelo comando da ‘Vaza Jato’ quando estava à frente do Intercept Brasil, vem travando uma campanha contra o que ele classifica como ‘abusos de poder de Alexandre de Moraes’ e os ‘métodos neo-fascistas’ do ministro. Em audiência no Senado esta semana, Greenwald apontou uma série de manobras de Moraes à frente do TSE, incluindo a ‘espionagem’ de jornalistas e expoentes da direita. Os senadores vem demonstrando uma irritação crescente com Moraes e alguns integrantes da Corte, mas a Casa não deve adotar medidas…ainda. Se a direita realmente assumir o comando do Senado a partir de 2027, muita coisa deve mudar…
INSS
A oposição conseguiu reunir 185 assinaturas na Câmara de deputados de 14 partidos (desde Solidariedade e Cidadania até PL e Novo) para propor a abertura de uma CPI para apurar a fraude o INSS, que prejudicou milhares de aposentados e pensionistas. A CPI foi proposta pelo deputado federal Coronel Chrisóstomo, que afirmou que investigação não pode acontecer com Carlos Lupi continuando à frente do Ministério da Previdência Social. "Não dá para uma CPI investigar casos, muito deles políticos, com ministro fazendo seus acordos contra as investigações". Agora depende de Hugo Motta instalar (ou não) a CPI.
Novo estudo relaciona plásticos com doenças cardíacas
Um novo estudo conduzido por cientistas da NYU Langone Health revelou uma possível ligação entre os ftalatos (compostos químicos presentes em plásticos) e mortes por doenças cardíacas. A pesquisa sugere que aproximadamente 10% das mortes por doenças cardíacas entre adultos de 55 a 64 anos podem ser atribuídas a estes compostos, especialmente ao tipo DEHP. No entanto, os pesquisadores, liderados por Leonardo Trasande, enfatizam que os resultados devem ser interpretados com cautela devido às limitações dos dados disponíveis. O impacto desses compostos químicos é global, mas é mais acentuado em certas regiões, como Oriente Médio, Sul da Ásia, Leste Asiático e Pacífico, que concentram cerca de três quartos das mortes estimadas associadas à substância. A Índia lidera o ranking com mais de 100 mil mortes em 2018, seguida por Paquistão e Egito. Para reduzir a exposição, especialistas recomendam evitar aquecer plásticos no micro-ondas e na máquina de lavar louça, já que estas práticas podem aumentar a absorção desses produtos químicos pelo organismo.