China mantém sequestrado há 30 anos o "prisioneiro político mais jovem do Mundo"
Líder espiritual tibetano foi raptado aos 6 anos e seu paradeiro segue como mistério de Estado; Dalai Lama completa 90 anos sob tensão pela sucessão
Em uma das mais longas e controversas violações de direitos humanos da história moderna, completam-se neste sábado (17/05) exatos 30 anos do desaparecimento forçado de Gedhun Choekyi Nyima, reconhecido como a 11ª reencarnação de Panchen Lama, a segunda maior autoridade do budismo tibetano. Sequestrado aos 6 anos de idade pelo governo chinês, seu caso permanece como uma ferida aberta para o povo tibetano e um símbolo da repressão de Pequim sobre a liberdade religiosa no Tibete.
Em 14 de maio de 1995, o Dalai Lama anunciou oficialmente que o pequeno Nyima era a verdadeira reencarnação do 10º Panchen Lama, falecido em circunstâncias suspeitas em 1989. Apenas três dias após o anúncio, o menino e sua família desapareceram completamente, dando início a três décadas de mistério e protestos internacionais.
Controle político sobre a religião
O caso ganhou ainda mais relevância diante da proximidade do 90º aniversário do Dalai Lama, que será celebrado em 6 de julho. Isso porque, na tradição budista tibetana, Panchen Lama e Dalai Lama são responsáveis por reconhecer as reencarnações um do outro. Analistas apontam que o sequestro faz parte de uma estratégia mais ampla de Pequim para controlar a sucessão do atual Dalai Lama.
"O governo chinês sequestrou um menino de 6 anos e sua família, e desapareceu com eles por 30 anos para controlar a escolha do próximo Dalai Lama e, assim, do budismo tibetano", afirma Yalkun Uluyol, pesquisador da Human Rights Watch.
Respostas evasivas e contradições
Ao longo das três décadas, o governo chinês tem apresentado versões contraditórias sobre o paradeiro de Nyima. Em 2020, autoridades chinesas afirmaram que ele havia se formado na universidade e tinha um emprego, levando uma "vida normal". No entanto, nenhuma evidência independente foi apresentada para comprovar essas alegações.
Em resposta recente à BBC, a embaixada chinesa em Londres limitou-se a dizer que "o indivíduo em questão é apenas um cidadão chinês comum" e que ele e sua família não desejam atenção pública.
"Panchen falso" e resistência popular
Em uma tentativa de legitimar seu controle sobre o budismo tibetano, a China nomeou seu próprio Panchen Lama, Gyaltsen Norbu, que participa de eventos oficiais do Partido Comunista. No entanto, ele é amplamente rejeitado pelos tibetanos, que o chamam de "Panchen falso".
Comunidades tibetanas ao redor do mundo mantêm protestos regulares exigindo informações sobre o verdadeiro Panchen Lama. Recentemente, um artista forense criou uma projeção de como Nyima estaria aos 30 anos, em uma tentativa de manter viva a esperança de encontrá-lo.
"Dói imaginar que ele está preso há 30 anos. Para o povo tibetano, ele não é apenas um líder espiritual, mas uma esperança para o futuro do Tibete", declarou o ativista e escritor tibetano Tenzin Tsundue.
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