China apresenta plano para fortalecer multilateralismo na cúpula do BRICS
Xi Jinping defende cooperação global e reformas em encontro virtual, enquanto China avança em medidas de proteção comercial
Em meio a um cenário de tensões geopolíticas e econômicas globais, o presidente chinês Xi Jinping liderou discussões na cúpula virtual do BRICS nesta segunda-feira (8), propondo um plano robusto para defender o multilateralismo e impulsionar a cooperação entre os membros do bloco – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A iniciativa surge em um momento crítico, com a China enfrentando desacelerações em suas exportações e preparando atualizações em sua legislação comercial para reforçar barreiras contra ameaças externas.
Durante o evento, intitulado "Avançando em Solidariedade e Cooperação", Xi Jinping delineou três propostas principais para que os países do BRICS atuem de forma conjunta. A primeira enfatiza a defesa do multilateralismo, da equidade e da justiça internacionais. "Devemos fortalecer a democracia nas relações internacionais e aumentar a representatividade dos países do Sul Global", afirmou o presidente, defendendo reformas no sistema de governança mundial para torná-lo mais inclusivo e eficaz.
A segunda proposta foca na manutenção da abertura econômica e na cooperação mútua como pilares para proteger a ordem comercial internacional. Xi destacou que a globalização é uma tendência irreversível e que a prosperidade depende de um ambiente colaborativo. "O sistema multilateral de comércio, com a OMC em seu centro, deve ser preservado, e todas as formas de protecionismo devem ser combatidas", declarou, alertando para os riscos de isolamento econômico em um mundo interconectado.
Por fim, a terceira proposta incentiva a solidariedade interna no BRICS para promover o desenvolvimento comum, priorizando ações conjuntas em áreas como inovação tecnológica, sustentabilidade e integração econômica. Essa abordagem reflete o posicionamento da China como líder do bloco, especialmente após a expansão recente do grupo para incluir novos membros como Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, conforme reportagens de veículos como a Reuters e a Agência Xinhua.
Paralelamente às discussões na cúpula, a China avança em uma revisão de sua lei comercial, visando elevar barreiras tarifárias e fortalecer mecanismos de retaliação. De acordo com a agência oficial Xinhua, o projeto de lei permitirá proibições ou restrições comerciais a indivíduos ou organizações estrangeiras que representem ameaças à soberania ou à segurança nacional. Além disso, prevê a criação de um sistema de "assistência ao ajuste comercial" e medidas para estabilizar cadeias de suprimentos globais. Embora ainda sem data para aprovação – projetos como esse geralmente passam por três leituras no Legislativo chinês –, a iniciativa surge em resposta a desafios como a desaceleração das exportações chinesas em agosto, que atingiram o nível mais baixo em seis meses após o enfraquecimento da trégua tarifária com os Estados Unidos.
Analistas internacionais, citados em publicações como o South China Morning Post e o Financial Times, interpretam essas ações como uma estratégia da China para contrabalançar pressões externas, incluindo tarifas impostas por parceiros comerciais. No contexto do BRICS, o plano de Xi Jinping reforça o bloco como uma alternativa ao sistema ocidental dominado por instituições como o FMI e o Banco Mundial, promovendo uma governança mais equitativa.
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