Campos Neto no Nubank gera revolta nos bastidores bancários
Ex-presidente do Banco Central é acusado de favorecer fintech durante seu mandato; executivos de grandes bancos apontam conflito de interesses
Em meio a uma polêmica que agita o mercado financeiro brasileiro, a possível contratação de Roberto Campos Neto pelo Nubank está causando forte desconforto no setor bancário tradicional. Executivos de alto escalão de três importantes instituições financeiras, que preferiram manter o anonimato, levantaram sérias questões sobre potenciais conflitos de interesse relacionados à gestão do ex-presidente do Banco Central. As informações são do Estadão.
O convite feito pelo Nubank a Campos Neto inclui posições estratégicas como diretor de Políticas Públicas, vice-chairman e membro do conselho da instituição. A proposta, que só poderá ser oficialmente aceita após 1º de julho, quando se encerra o período de quarentena, já provoca reações intensas no mercado.
Segundo fontes do setor, durante o mandato de Campos Neto no BC:
Houve uma suposta "abertura desproporcional" ao Nubank em pautas regulatórias
Executivos apontam uma possível "cruzada" contra bancos tradicionais
O Pix, implementado em sua gestão, teria facilitado a transferência de recursos para fintechs
A defesa de Campos Neto
Em resposta às críticas, o ex-presidente do BC defendeu sua gestão, afirmando que:
A agenda do BC é "institucional" e visa gerar inclusão e competição
As mudanças promoveram democratização dos serviços financeiros
Milhões de brasileiros foram beneficiados pelo processo
O Brasil se tornou referência mundial em inovação financeira
Precedentes históricos
O caso não é inédito no mercado financeiro brasileiro. Outros ex-presidentes do BC também seguiram diferentes caminhos após deixarem o cargo:
Armínio Fraga (1999-2003): criou a Gávea Investimentos
Alexandre Tombini (2011-2016): assumiu cargo no FMI
Ilan Goldfajn (2016-2019): presidiu o conselho do Credit Suisse Brasil e hoje lidera o BID
Regulações durante o mandato
Durante a gestão de Campos Neto, algumas medidas afetaram diretamente o Nubank:
Aumento da exigência de capital para instituições de pagamento (março/2022)
Implementação de teto para tarifa de intercâmbio em cartões pré-pagos
Impacto estimado de 2,9% na receita total da fintech
O caso das offshores de Campos Neto: Cronologia e desdobramentos
Revelação nos Pandora Papers (2021)
Em outubro de 2021, uma investigação do consórcio internacional de jornalistas (Pandora Papers) revelou que Roberto Campos Neto, então presidente do Banco Central, mantinha empresas offshore em paraísos fiscais:
Localização das offshores: Panamá e Ilhas Virgens Britânicas
Uma das empresas tinha capital declarado de US$ 1 milhão
As empresas foram mantidas mesmo após Campos Neto assumir a presidência do BC
Principais pontos de controvérsia
Conflito de Interesses:
Questionamentos sobre a manutenção de investimentos offshore enquanto ocupava cargo público
Possível benefício com decisões sobre taxa de juros e câmbio
Aspectos Legais:
Campos Neto afirmou que todo o patrimônio foi declarado à:
Receita Federal
Banco Central
Comissão de Ética Pública
Desdobramentos judiciais (2024)
O caso teve importantes desenvolvimentos recentes:
Agosto/2024:
O TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) derrubou uma liminar que impedia investigações
A decisão permitiu que a Comissão de Ética Pública retomasse as investigações
Setembro/2024:
Campos Neto recorreu ao STF pedindo o encerramento de três processos relacionados ao caso
O ministro Dias Toffoli determinou o encerramento das investigações na Comissão de Ética da Presidência
Implicações e contexto
O caso das offshores de Campos Neto se insere em um contexto mais amplo:
Faz parte de uma série de revelações sobre autoridades brasileiras com recursos em paraísos fiscais
Gerou debates sobre a compatibilidade entre cargos públicos estratégicos e investimentos offshore
Levantou questões sobre transparência e governança no sistema financeiro brasileiro
Situação atual
O caso permanece em discussão no âmbito judicial
O STF deverá julgar recurso contra o encerramento das investigações
A polêmica ressurge agora com sua possível ida para o Nubank após deixar o Banco Central
Esta controvérsia das offshores é particularmente relevante no contexto atual, considerando sua possível contratação pelo Nubank, pois adiciona mais uma camada de questionamentos sobre conflitos de interesse em sua atuação no Banco Central.
Palavras-chave: Roberto Campos Neto, Nubank, Banco Central, sistema financeiro, fintech, regulação bancária, mercado financeiro, bancos digitais
Hashtags: #PainelPolitico #CamposNeto #Nubank #BancoCentral #MercadoFinanceiro #Fintech #SistemaFinanceiro #Economia #Brasil