Brasil reforça segurança na Amazônia com centro de inteligência estratégico no Acre
Novo complexo em Cruzeiro do Sul visa combater rotas do crime organizado e responder à expansão chinesa na América do Sul
O Governo Federal dará um passo significativo no combate ao crime organizado na região amazônica com a inauguração, prevista para fevereiro de 2025, de um centro de inteligência em segurança pública em Cruzeiro do Sul, Acre, conforme mostrou o blog especializado em temas da região, Voz da Terra.
A iniciativa, que será implementada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, representa uma resposta estratégica a dois desafios cruciais: o avanço do crime organizado na região e a crescente influência chinesa na América do Sul, especialmente após a inauguração do megaporto de Chancay, no Peru.
Contexto estratégico
O novo centro de inteligência não é uma iniciativa isolada, mas parte de uma estratégia mais ampla de segurança nacional. Localizado próximo à fronteira com o Peru, o complexo será o primeiro de uma série de postos de inteligência que o governo pretende implementar nas fronteiras brasileiras. A escolha de Cruzeiro do Sul como sede não é casual: a cidade está estrategicamente posicionada em relação ao novo porto de Chancay, operado pela empresa chinesa Cosco, localizado a 75 quilômetros de Lima.
Desafios regionais
Segundo dados do Ministério Público do Acre, das 22 cidades acreanas, 17 estão situadas na linha de fronteira com países andinos. O estado possui uma extensa faixa fronteiriça com a Bolívia (618 km) e o Peru (1.350 km), países que, juntos, são responsáveis por mais de 10% do cultivo mundial de coca. De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), a Bolívia é o terceiro maior produtor mundial de coca, atrás apenas da Colômbia e do Peru.
Resultados e perspectivas
Dados recentes da Secretaria de Segurança Pública do Acre indicam uma redução de mais de 26% no número de mortes violentas em 2024, resultado de ações coordenadas de combate ao crime organizado. No entanto, o desafio persiste: desde 2022, grupos criminosos disputam o controle das rotas de tráfico nas cidades acreanas, levando a um aumento na população carcerária do estado.
Medidas complementares
O governo federal está elaborando um conjunto de medidas para fortalecer o combate ao crime organizado, incluindo:
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública
Projeto de lei "antimáfia"
Intensificação do controle da Rodovia Interoceânica
Integração com forças de segurança dos países vizinhos
Impacto do porto de Chancay
A inauguração do porto de Chancay, primeiro porto inteligente da América do Sul, representa tanto uma oportunidade econômica quanto um desafio para a segurança nacional. Com investimento chinês de US$ 3,5 bilhões, o terminal deve se tornar um hub crucial para o comércio entre a América do Sul e a Ásia, reduzindo em até 10 dias o tempo de navegação para o continente asiático.
Presença do crime organizado
O Ministério da Justiça revela que três principais facções criminosas dividem o controle das prisões no Acre: o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e o Bonde dos 13 (B13), este último de origem local. A situação é agravada pela existência de rotas clandestinas que atravessam florestas, rios e pistas de pouso irregulares.
O novo centro de inteligência representa uma resposta do Estado brasileiro à complexidade dos desafios de segurança na região amazônica, combinando tecnologia, inteligência e cooperação interinstitucional para proteger as fronteiras nacionais e combater o crime organizado transnacional.