Boulos pede exoneração de Eduardo Bolsonaro da Polícia Federal por atuação contra o Brasil
Deputado do PSOL solicita abertura de processo administrativo contra o filho de Jair Bolsonaro, acusado de crimes contra a soberania nacional e administração pública
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) apresentou, nesta segunda-feira (28/7), uma representação à Polícia Federal (PF) solicitando a exoneração imediata do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) do cargo de escrivão da corporação. A iniciativa, sugerida pelo também deputado Yuri Moura (PSOL-RJ), baseia-se na atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde ele teria articulado com autoridades americanas medidas que, segundo Boulos, atentam contra a soberania do Brasil.
A representação foi endereçada ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e pede a abertura de um processo administrativo disciplinar contra o parlamentar por supostos crimes como coação no curso de processos judiciais, obstrução de investigações, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e lesão aos cofres públicos.
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, é escrivão da Polícia Federal desde 2010, mas está licenciado do cargo desde 2015, quando assumiu seu mandato como deputado federal. A licença, inicialmente de 120 dias, expirou no último domingo (20/7), e Eduardo, que reside nos EUA desde março de 2025, não retornou ao Brasil, o que pode acarretar faltas não justificadas e a perda de seu mandato parlamentar, já que o Congresso está em recesso até 4 de agosto.
A representação de Boulos aponta que Eduardo Bolsonaro teria se envolvido em negociações com o governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, para pressionar autoridades brasileiras, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de sanções econômicas, como a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Trump em 9 de julho. Essas ações, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o STF, configuram tentativas de interferência na Justiça brasileira, com o objetivo de obstruir investigações contra Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado.
O pedido de exoneração destaca que, como servidor público, Eduardo está sujeito ao regime jurídico dos policiais federais, que proíbe condutas que comprometam a administração pública ou a soberania nacional. Boulos argumenta que a atuação do deputado licenciado nos EUA, incluindo articulações com congressistas republicanos para impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e outros membros do STF, viola esses princípios. Em uma postagem no X, Boulos afirmou: “Muita gente não sabe, mas Eduardo Bolsonaro é escrivão da Polícia Federal. Ou seja, temos um agente da PF trabalhando contra a soberania do Brasil. Por isso, por sugestão do @yurimourarj, entrei com o pedido de EXONERAÇÃO IMEDIATA do traidor da pátria!”
A reação à conduta de Eduardo Bolsonaro não é nova. Em 21 de julho, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, classificou declarações do deputado em uma live como uma “covarde tentativa de intimidação” contra a corporação. Na transmissão, Eduardo mencionou o delegado Fábio Shor, responsável por investigações contra a família Bolsonaro, e ameaçou “se mexer” caso descobrisse quem o investigava. A PF prometeu tomar medidas legais contra o parlamentar, que já foi alvo de um processo administrativo disciplinar por declarações semelhantes.
A operação da PF contra Jair Bolsonaro, deflagrada em 18 de julho, também reforça o contexto do pedido de Boulos. Autorizada por Alexandre de Moraes, a ação impôs medidas cautelares ao ex-presidente, como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de uso de redes sociais e de contato com outros investigados, incluindo Eduardo. As buscas na residência de Bolsonaro e na sede do Partido Liberal (PL) resultaram na apreensão de US$ 14 mil, um pen drive e uma cópia de uma ação contra Moraes nos EUA, evidenciando a articulação internacional.
Parlamentares da oposição, como a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), apoiaram as medidas contra os Bolsonaro, afirmando que “Bolsonaro está pagando o preço por ser um traidor da pátria e golpista”. Por outro lado, aliados do ex-presidente, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), classificaram as ações do STF como “perseguição política” e “humilhação proposital”.
A representação de Boulos ainda aguarda resposta da PF. O caso, que ganhou repercussão nas redes sociais, intensifica o debate sobre a conduta de Eduardo Bolsonaro e sua permanência como servidor público, enquanto as investigações sobre suas ações nos EUA avançam no STF.
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