Bolsonaro na capa da The Economist: Brasil como lição de democracia em meio a tensões com os EUA
Julgamento do ex-presidente pelo STF é destaque internacional e reacende debate sobre populismo e soberania nacional
Na edição desta semana da revista britânica The Economist, publicada em 28 de agosto de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estampa a capa, ilustrado com o rosto pintado nas cores da bandeira brasileira e usando um chapéu semelhante ao do “viking do Capitólio”, símbolo da invasão ao Congresso americano em 2021.
A publicação destaca o julgamento de Bolsonaro, marcado para 2 de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é réu por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A revista aponta o Brasil como um exemplo de resiliência democrática em um continente marcado por crescentes traços de corrupção, protecionismo e autoritarismo, especialmente nos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump.
O contexto do julgamento e a narrativa da The Economist
Bolsonaro, descrito como um “líder polarizador” e apelidado de “Trump dos trópicos”, enfrenta acusações graves no STF, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), apresentada pelo procurador-geral Paulo Gonet, aponta que Bolsonaro liderou uma trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito em 2022. As penas, caso condenado, podem ultrapassar 40 anos de prisão.
A The Economist argumenta que “o Brasil oferece uma lição de democracia para uma América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária”. A revista destaca que o golpe fracassado em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, foi marcado por “incompetência, e não por falta de intenção”. O texto compara o Brasil a outros países que enfrentaram a chamada “febre populista”, como os Estados Unidos, Reino Unido e Polônia, mas ressalta que o Brasil se destaca por sua determinação em proteger a democracia, mesmo diante de pressões externas
Tensões com os Estados Unidos e a interferência de Trump
A publicação da The Economist também critica as ações recentes do governo de Donald Trump em defesa de Bolsonaro. Em julho de 2025, Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, justificando a medida como retaliação ao processo judicial contra o ex-presidente brasileiro. Além disso, aplicou sanções da Lei Magnitsky ao ministro do STF Alexandre de Moraes, responsável pelo caso, acusando-o de violações de direitos humanos e práticas de corrupção. “É realmente uma execução política que estão tentando fazer com o Bolsonaro”, declarou Trump em 14 de agosto, em entrevista à imprensa na Casa Branca.
A revista britânica considera essas ações uma volta a “uma era sombria e passada, em que os Estados Unidos habitualmente desestabilizavam os países latino-americanos”. No entanto, argumenta que a interferência de Trump pode ser contraproducente, já que apenas 13% das exportações brasileiras vão para os EUA, e o Brasil pode buscar novos mercados para suas commodities. A The Economist também elogia a resposta do governo brasileiro, destacando a aprovação da Lei da Reciprocidade Econômica, assinada pelo presidente Lula, como um mecanismo de defesa contra tarifas unilaterais.
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, afirmou Lula em resposta às críticas de Trump, reforçando a soberania nacional.
O papel do STF e a memória da ditadura
A The Economist atribui ao STF, moldado pela Constituição de 1988, um papel central na defesa da democracia brasileira. A revista destaca que a memória recente da ditadura militar (1964-1985) motiva a Corte a atuar como um “baluarte contra o autoritarismo”. O ministro Alexandre de Moraes, alvo de ataques de Trump e de aliados de Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), é descrito como uma figura chave no processo. Moraes determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro em 4 de agosto, após o ex-presidente descumprir medidas cautelares, como a proibição de usar redes sociais para incentivar ataques ao STF.
“A participação dissimulada de Jair Messias Bolsonaro, preparando material pré-fabricado para divulgação nas manifestações e redes sociais, demonstrou claramente que manteve a conduta ilícita de tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça”, escreveu Moraes em sua decisão.
A revista também aponta que, ao contrário dos EUA, onde Trump evitou consequências judiciais por ações semelhantes, o Brasil demonstra maturidade política ao enfrentar o populismo. “Ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem seguir as regras e progredir por meio de reformas”, afirma a The Economist, destacando o consenso entre diferentes espectros políticos no país.
Repercussão internacional e desafios futuros
A imprensa internacional tem acompanhado de perto o caso. O jornal The New York Times descreveu o julgamento como “um esforço significativo para responsabilizar Bolsonaro pelas acusações de que tentou efetivamente desmantelar a democracia brasileira”, enquanto o The Guardian alertou que o ex-presidente pode enfrentar até 43 anos de prisão. A imprensa brasileira, como o Estadão, reforça que o Brasil está se tornando “um exemplo para a recuperação de países afetados pela febre populista”.
No entanto, o julgamento de Bolsonaro também traz desafios. A The Economist alerta para o risco de inflamar a base radical do ex-presidente, que segue ativa, e para a sobrecarga do STF, que em 2024 proferiu 114 mil decisões. Além disso, as tensões com os EUA, agravadas pelas ações de Eduardo Bolsonaro nos bastidores, podem impactar as relações bilaterais e a economia brasileira, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando.
Um teste para a democracia brasileira
O julgamento de Bolsonaro, que começa na próxima terça-feira, é visto como um marco para a democracia brasileira. A The Economist conclui que o Brasil, ao enfrentar um ex-presidente acusado de tentar subverter a ordem democrática, está assumindo o papel de “adulto democrático do hemisfério ocidental”, em contraste com os EUA, onde Trump reassumiu o poder sem enfrentar consequências judiciais significativas.
O caso também reacende o debate sobre a polarização política e o futuro do Brasil. Enquanto Bolsonaro aposta no apoio de Trump para pressionar o STF, a resposta das instituições brasileiras e a reação da sociedade serão determinantes para o desfecho dessa crise.
O que você acha do julgamento de Bolsonaro e das tensões com os EUA? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para ampliar o debate!
Palavras-chave: Jair Bolsonaro, The Economist, STF, tentativa de golpe, democracia, Donald Trump, Alexandre de Moraes, populismo, tarifas, soberania nacional, Brasil, EUA.
Hashtags: #PainelPolitico #Bolsonaro #STF #Democracia #Trump #TheEconomist #Política #BrasilSiga o Painel Político nas redes sociais:
Twitter: @painelpolitico
Instagram: @painelpolitico
WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029Va4SW5a9sBI8pNwfpk2Q
Telegram: https://t.me/PainelP