Bastidores: Mudanças na Polícia Civil de Rondônia levantam suspeitas sobre possível crise política
Governador estaria querendo usar operação policial para desgastar vice-governador e 'tirar de campo' Júnior Gonçalves, ex-Chefe da Casa Civil
Uma articulação nos bastidores do governo de Rondônia está em andamento para 'limpar o meio de campo’ e tirar do jogo o vice-governador Sérgio Gonçalves. De acordo com fontes próximas ao governo, a mudança no comando da Polícia Civil que aconteceu esta semana, e a exoneração da secretária Executiva da Sesau, Michele Dahiane Dutra, ocorrida no final de maio passado, foram os primeiros passos.
Na última quinta-feira, 5, o governador Marcos Rocha exonerou o diretor-geral da Polícia Civil, Samir Fouad Abboud e sua adjunta, Alessandra Paraguassu e em seus lugares foram nomeados o delegado Jeremias Mendes de Souza e Claudionor Soares Muniz, titular e adjunto respectivamente. A troca seria para que os novos diretores dessem início a uma operação policial contra os irmãos Sérgio e Júnior Gonçalves, além de alguns deputados estaduais.
As trocas no governo surpreenderam a todos, inclusive dentro das forças de segurança, já que Samir Fouad foi ‘o homem de primeira linha’ do governo e vinha realizando um trabalho exemplar na instituição. Como ‘cortina de fumaça’ o governo explicou que se ‘trata de uma renovação necessária', mas os argumentos não convenceram grande parte dos demais servidores.
Nesta sexta-feira, PAINEL POLÍTICO recebeu relatos de sobrevoos de drones e agentes fotografando imóveis e fazendo buscas por bens de Júnior Gonçalves. O ex-Chefe da Casa Civil deixou o cargo após meses de desgaste e uma crise pública, entre o governador e ele. A demissão era esperada desde o ano passado, mas Gonçalves deixou o cargo apenas em fevereiro.
Apesar de publicamente Marcos Rocha afirmar que ‘não tem restrições a Sérgio Gonçalves’ e que ‘vai deixar o vice assumir para concorrer ao Senado', nos bastidores o clima anda pesado. Desde que Júnior Gonçalves deixou o cargo, Rocha passou a ‘limpar’ todos os nomeados por seu ex-Casa Civil, dando início a uma verdadeira ‘caça às bruxas’ dentro do governo.
Mês passado, passou a circular a informação de que o governo queria acomodar o vice-governador no Tribunal de Contas, pois Rocha acredita que ‘será traído’ quando deixar o governo e não terá apoio de Sérgio, que assume o cargo seis meses antes das eleições, conforme determina a legislação eleitoral.
O uso de operações policiais para tirar adversários do cenário político não é novidade, mas é uma conduta altamente questionável. Advogados ouvidos por PAINEL POLÍTICO disseram que o governo pode ‘dar um tiro no pé', afinal, Júnior foi Chefe da Casa Civil durante seis anos, além de ter sido um dos principais articuladores da campanha de reeleição em 2022. Júnior tem se mantido longe do circuito político, estando focado em seu empreendimento, uma academia em Porto Velho.
Em relação aos deputados estaduais, uma investida pode ser vista como um ataque direto ao Poder Legislativo, colocando Rocha em rota de colisão com a Assembleia Legislativa, abrindo uma crise institucional.
Já Sérgio Gonçalves, foi às redes sociais negar qualquer interesse em assumir uma vaga no Tribunal de Contas, e que ‘vai para a reeleição mantendo o compromisso com Marcos Rocha'.
Mas, na política, traições fazem parte da rotina e a história está cheia de exemplos, inclusive no cenário regional.
Se tem fumaça…
Fontes também revelam que um dos alvos da suposta operação tem como alvo a ex-secretária Executiva da Sesau, Michele Dahiane Dutra, conhecida como ‘dama de ferro da Saúde’. Junto com ela, foi exonerado o subdiretor, Fernando Velasquez, que era responsável pelo setor financeiro da Secretaria de Saúde. Antes da demissão de ambos, circularam informações sobre supostas irregularidades na secretaria, além de inconsistências financeiras. Foi aberta uma auditoria para averiguar as denúncias que está sendo conduzida pela Controlaria Geral do Estado. O secretário de Saúde chegou a declarar que ‘vai apurar qualquer irregularidade que venha a ser identificada' e que ‘qualquer conduta fora da legalidade será apurada com devido rigor'.
Michele era ligada ao ex-Chefe da Casa Civil.
Crises e mais crises
O governo Rocha vem atravessando um breve período de calmaria, desde que Gonçalves foi exonerado. O governador vem fazendo mais aparições públicas, preparando o terreno para disputar o Senado em 2026, mas alguns problemas ainda afligem o primeiro escalão.
Um dos maiores obstáculos é exatamente a saúde. O governo em seis anos não conseguiu construir um pronto socorro para substituir o João Paulo II, nem mesmo uma parceria público-privada, através do sistema ‘built-to-suit’ teve sucesso. Com duas obras paradas, uma do Estado e a outra através da PPP estão paradas ainda nos alicerces, e para tentar estancar a crise, o governo optou por alugar os serviços do Hospital 9 de Julho por R$ 41,6 milhões.
Outro problema enfrentado por Marcos Rocha é a questão partidária. Atualmente filiado ao União Brasil, a legenda está sob o controle de Júnior Gonçalves, e nos bastidores comenta-se que o governador chegou a fazer um acordo com a direção nacional da legenda que quer ‘espaço no governo', para repassar o comando da legenda ao governador, aproveitando a dissolução da executiva do partido no Estado, por conta da fusão do União com o Progressistas. Sem controle de uma legenda, a candidatura de Rocha corre grande risco de ser abortada.
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