Bacellar preso: Moraes aponta “fortes indícios” de organização criminosa na presidência da Alerj
Decisão de Alexandre de Moraes expõe indícios de obstrução em investigação contra facção criminosa, levantando debates sobre infiltração política no Legislativo e o impacto na governabilidade
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira a Operação Unha e Carne, resultando na prisão preventiva do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil). A ação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), investiga o vazamento de informações sigilosas que obstruíram a Operação Zargun, deflagrada em setembro para desarticular um esquema de corrupção e tráfico de armas ligado ao Comando Vermelho (CV), uma das principais facções criminosas do estado.
De acordo com a PF, o vazamento teria permitido que o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias (expulso do MDB após a prisão), tomasse medidas para evitar a captura, como a saída de sua residência na véspera da operação e a remoção de objetos de interesse investigativo. TH Jóias foi detido em 3 de setembro, acusado de usar o mandato parlamentar para intermediar a compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados a comunidades controladas pelo CV. A Operação Zargun resultou em 18 prisões preventivas, 22 mandados de busca e apreensão e o sequestro de R$ 40 milhões em bens, conforme decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Entre os alvos iniciais estavam um delegado da PF, policiais militares, um ex-secretário estadual e municipal, Alessandro Pitombeira Carrasena, além do próprio TH Jóias, apontado como articulador político da facção na Alerj.
A suspeita contra Rodrigo Bacellar surgiu da análise de materiais apreendidos na Zargun. Segundo a representação da PF, o presidente da Alerj teria tido “ciência prévia” da ação policial, conversado com TH Jóias e orientado a retirada de objetos da residência do investigado. Em um diálogo recuperado pela investigação, TH Jóias enviou uma filmagem para Bacellar mostrando itens que pretendia deixar na casa, inclusive questionando sobre um freezer. Bacellar teria respondido chamando-o de “doido” e orientando a não se preocupar com o eletrodoméstico, em uma troca que, para os investigadores, indica tentativa de obstrução.
Na decisão que decretou a prisão em 28 de novembro – cumprida discretamente nesta quarta, após Bacellar ser convocado para uma “reunião” com o superintendente da PF no Rio, Fábio Galvão –, o ministro Alexandre de Moraes destacou a gravidade dos fatos. “Os fatos narrados pela Polícia Federal são gravíssimos, indicando que RODRIGO DA SILVA BACELLAR estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de potencializar o risco de continuidade delitiva e de interferência indevida nas investigações da organização criminosa. No caso em tela, em relação ao Deputado Estadual RODRIGO DA SILVA BACELLAR, são fortes os indícios da sua participação em organização criminosa”, escreveu o ministro, citando uma “infiltração política” de facções no Legislativo fluminense. A Procuradoria-Geral da República (PGR) endossou o pedido de prisão, argumentando risco de fuga e interferência nas apurações.
Além da prisão preventiva, a operação cumpriu oito mandados de busca e apreensão – incluindo na residência de Bacellar e na sede da Alerj – e um mandado de intimação para medidas cautelares diversas da prisão, todos expedidos no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental das Favelas (ADPF 635), que atribui à PF a investigação de grupos criminosos violentos no Rio. A PF informou que o vazamento foi inicialmente denunciado pelo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira, no dia da Zargun, após indícios de tentativa de destruição de provas.
Rodrigo Bacellar, reeleito presidente da Alerj em fevereiro com apoio unânime e do governador Cláudio Castro (PL), é o quinto ocupante do cargo a ser preso desde 2005, em um histórico que inclui casos como o de Jorge Picciani (PMDB, 2017) e Paulo Melo (MDB, 2017), ambos por corrupção. Eleito deputado em 2018 após carreira como advogado em Campos dos Goytacazes, Bacellar ascendeu rapidamente na política fluminense, tornando-se um nome cotado para a sucessão de Castro em 2026. Sua base aliada inclui TH Jóias, e investigações anteriores já os ligavam a apurações sobre enriquecimento ilícito e influência em nomeações na segurança pública.
A defesa de Bacellar não foi localizada até o fechamento desta reportagem, mas fontes próximas afirmam que ele prestou depoimento na Superintendência da PF no Rio e nega qualquer irregularidade. A Alerj, por meio de sua assessoria, não se manifestou. A prisão abala a dinâmica legislativa no estado, com sessões suspensas e debates sobre a sucessão na presidência. Especialistas em direito eleitoral apontam que o afastamento provisório de Bacellar, determinado por Moraes, pode durar até 90 dias, prorrogáveis, e exige eleição para o cargo em até 10 dias úteis.
A operação ocorre em um contexto de crescente escrutínio sobre a infiltração de organizações criminosas na política fluminense. Relatos em redes sociais, como postagens do ex-governador Anthony Garotinho em novembro, sugerem que TH Jóias ameaçava delatar Bacellar e Castro por supostas proteções a traficantes, embora sem comprovação judicial até o momento. A PF enfatiza que as apurações visam preservar a independência das investigações contra o crime organizado, e o caso segue sob sigilo no STF.
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