B3 exclui Ambipar de todos os seus índices em crise de governança e liquidez
Com ações em queda livre e perdas bilionárias para investidores em COEs, a gestora de resíduos enfrenta o risco de recuperação judicial – o que isso significa para o mercado de ESG no Brasil?
A B3 anunciou nesta quinta-feira (9 de outubro de 2025) a exclusão das ações da Ambipar (AMBP3) de todos os nove índices em que a empresa de gestão de resíduos estava incluída, como o Índice Brasil Amplo (IBRA), Índice de Diversidade (IDIV), Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT), Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC), Índice de Governança Corporativa Novo Mercado (IGCNM), Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG), Índice MidLarge Cap (MLCX) e Índice de Utilidade Pública (UTIL). A medida, que entrará em vigor a partir do preço de fechamento de 15 de outubro, com redistribuição proporcional da participação para outros ativos, visa preservar a “continuidade, replicabilidade, representatividade e integridade” dos índices, conforme o manual de procedimentos da bolsa.
Além disso, a B3 não renovará a designação de “Ações Verdes” da Ambipar, certificação concedida a empresas com práticas ambientais destacadas. A decisão se baseia na metodologia da bolsa, que permite retirar o título se “a companhia, seus diretores ou administradores tiverem sua imagem associada a eventos ou incidentes relacionados a aspectos Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa (ASG) que suscitem risco de imagem”.
A exclusão ocorre em um momento de graves preocupações com a liquidez e governança da Ambipar, que acumula uma queda de 93% em suas ações desde o final de setembro, evaporando R$ 11,38 bilhões em valor de mercado nos últimos 10 pregões. O gatilho foi uma operação de crédito com o Deutsche Bank, que exigiu garantias adicionais e drenou o caixa da companhia, levando a uma medida cautelar obtida na Justiça do Rio de Janeiro no fim de setembro.
Essa liminar suspendeu cláusulas de aceleração de dívidas e cross-default, que poderiam gerar um rombo de R$ 10 bilhões e risco imediato de insolvência, conforme o pedido judicial da empresa. A agência de rating Fitch classificou o episódio como um “processo semelhante a inadimplência (default)”.
Na terça-feira (7 de outubro), a Bloomberg News revelou que a Ambipar prepara um pedido de recuperação judicial para a próxima semana, em tribunal no Rio de Janeiro, ampliando a incerteza e acionando cláusulas de vencimento antecipado em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) lastreados em seus títulos de dívida. Essa notícia intensificou a desvalorização dos bonds da companhia no mercado internacional, afetando diretamente investidores varejistas.
O impacto recaiu sobre milhares de aplicadores em COEs distribuídos pela XP Investimentos e pelo BTG Pactual, produtos vendidos como híbridos de renda fixa e variável, com cupons atrativos como IPCA + 9,5% ao ano (no BTG) ou IPCA + 11,75% a.a. (na XP), e vencimentos entre 2031 e 2033. Esses certificados, lastreados em bonds da Ambipar emitidos no exterior, sofreram liquidação antecipada obrigatória após a queda dos títulos abaixo de 50% do valor de referência, resultando em perdas de até 93% do principal investido. Para emissões da XP até 18 de março de 2024, os resgates foram limitados a 6,88% do valor aplicado; no caso da Braskem (afetada por crise semelhante), variaram de 26,62% a 36,97%. Estimativas apontam para prejuízos totais acima de R$ 1 bilhão, com reclamações no Reclame Aqui acusando assessores de omitir riscos e violar a suitability (adequação ao perfil do investidor).
Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, explica o mecanismo: “Ao acionar o ‘gatilho’, o emissor calcula o valor de recuperação desses títulos a mercado e paga ao investidor o valor calculado, não o valor nominal. Se o mercado estiver vendendo esses bonds a preços muito baixos, o investidor recebe uma fração pequena do que aplicou”. A XP investiga internamente se corretores comunicaram adequadamente os riscos, enquanto especialistas como o advogado Adilson Bolico, colunista da Investing.com Brasil, alertam para ações judiciais: “A adequação de um produto com lastro em um ‘Junk Bond’ para a sua carteira e perfil de risco é um ponto central que deve ser questionado”.
Apesar da turbulência, as ações da Ambipar saltaram 26,47% nesta quinta-feira, cotadas a R$ 0,86 por volta das 13h30, e chegaram a 30% de alta em meio a especulações sobre a recuperação judicial – embora analistas como os do Seu Dinheiro alertem que o otimismo pode ser prematuro. A companhia cancelou uma assembleia e emissão de debêntures após o colapso, e fundos de crédito privado de bancos como BB, Santander e Compass também registraram perdas em debêntures da Ambipar.
Essa crise expõe vulnerabilidades no mercado de ESG, onde a Ambipar era outrora elogiada por credenciais ambientais, mas agora enfrenta críticas por governança, segundo relatório da Bloomberg.
Especialistas como Thomas Felsberg, do Felsberg Advogados, defendem revisão de regras pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para maior transparência em COEs. Daniel Scott, consultor em gestão, lamenta: “O que mais me deixa puto é que, embora os investidores tenham sido lesados em mais de R$ 1 bilhão, nem 1% deles vai entrar com processo contra a corretora”.
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