Ataque em escola de Sobral deixa dois estudantes mortos e reacende debate sobre segurança nas instituições de ensino
Crime ocorreu durante o intervalo na Escola Estadual Luiz Felipe; autoridades reforçam investigação e comunidade cobra medidas urgentes contra a violência escolar
A cidade de Sobral, no interior do Ceará, viveu nesta quinta-feira (25) um dos episódios mais trágicos de sua história recente. Dois adolescentes, Vitor Guilherme e Cláudio, de 16 e 17 anos, foram mortos a tiros enquanto estavam no pátio da Escola Estadual Luiz Felipe, durante o intervalo entre as aulas. Outros três estudantes ficaram feridos e foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Dois deles receberam alta ainda no início da tarde, enquanto o terceiro permanece internado.
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que dois homens armados chegam de moto, estacionam em uma rua lateral e correm até a grade da escola. De fora, pela calçada, efetuam diversos disparos contra um grupo de alunos que estava próximo a uma árvore. O pátio estava cheio, e parte dos estudantes correu em direção ao prédio principal. A ação durou poucos segundos, mas foi suficiente para causar pânico, dor e indignação.
Investigação e suspeitas
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) informou que todos os esforços das forças de segurança estão sendo empregados para localizar e capturar os envolvidos. Uma das linhas de investigação aponta possível ligação com disputas entre organizações criminosas. Segundo a SSPDS, foram apreendidos “droga, balança de precisão e embalagens” com uma das vítimas, o que pode indicar envolvimento com atividades ilícitas.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), determinou o envio da cúpula da segurança pública ao município para reforçar as investigações. Em nota, declarou: “Externo minha solidariedade aos familiares e amigos das vítimas desse ato tão cruel”. A Secretaria da Educação do Estado também se manifestou, informando que não haverá aula na unidade nesta sexta-feira (26) e que a comunidade escolar contará com suporte psicológico no retorno às atividades.
Perfil da escola e histórico de violência
A Escola Estadual Luiz Felipe atende exclusivamente turmas do ensino médio e possui 1.159 alunos e 54 professores, conforme o Censo Escolar 2024 do Inep. Apesar de desafios em aprendizagem — apenas 38% dos alunos do 3º ano tinham conhecimentos adequados de português em 2023, segundo o Saeb — a escola também apresenta destaques acadêmicos. No Enem 2024, nove alunos alcançaram 900 pontos ou mais na redação, e outros 23 obtiveram pelo menos 800 pontos, desempenho considerado elevado.
No primeiro semestre de 2025, a escola ofereceu uma formação em cidadania, com foco em relações saudáveis dentro e fora do ambiente escolar. No entanto, o episódio desta quinta-feira expõe a fragilidade da segurança nas instituições de ensino, mesmo em cidades como Sobral, reconhecida nacionalmente por suas políticas públicas educacionais.
Este não é o primeiro caso de violência escolar na cidade. Em 2022, um estudante atirou contra três colegas dentro da sala de aula em outra escola estadual. Um jovem de 15 anos morreu no hospital. Na véspera do ataque atual, houve uma tentativa de homicídio ao lado de outra escola pública, no bairro Sumaré. As autoridades ainda investigam se os dois episódios estão relacionados.
Reações e mobilização institucional
O ministro da Educação, Camilo Santana, que é natural do Ceará, lamentou o ocorrido em suas redes sociais: “Recebi com tristeza e indignação a notícia de violência à Escola Estadual Luiz Felipe, em Sobral, que resultou na morte de dois estudantes e deixou outros feridos”. O ministro informou que entrou em contato com o governador Elmano de Freitas e com o prefeito de Sobral, Oscar Rodrigues, colocando toda a estrutura do Ministério da Educação (MEC) à disposição.
Camilo destacou que equipes especializadas do Núcleo de Resposta e Reconstrução de Comunidades Escolares já acompanham o caso. “A hora é de unir forças e trabalharmos, juntos, para preservar a escola como espaço sagrado, lugar de paz e de acolhimento”, afirmou.
O prefeito Oscar Rodrigues anunciou o reforço da segurança com a Guarda Municipal no entorno da escola e garantiu “apoio integral às famílias atingidas”. A Frente Parlamentar Mista da Educação (FPME) também se manifestou, repudiando o ataque e defendendo a aprovação urgente do Projeto de Lei nº 5.669/2023, que institui a Política de Prevenção e Combate à Violência em Âmbito Escolar (Prever). O projeto tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados e é resultado de debates realizados em 2023 no Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Violência nas Escolas.
O Ministério Público do Estado do Ceará, representado pelo promotor de Justiça José Borges de Morais, esteve na escola e declarou que o órgão atua em duas frentes: “acompanhar as investigações policiais para dar uma resposta estatal forte contra o crime, eventualmente contra o crime organizado, e promover o acolhimento das vítimas”.
Bancada da Educação manifesta pesar pelo ataque em escola de Sobral
A Frente Parlamentar Mista da Educação manifesta profundo pesar pelo ataque ocorrido em Sobral, no Estado do Ceará, que vitimou estudantes na manhã desta quinta-feira. Expressamos nossa solidariedade às vítimas, às suas famílias, à comunidade escolar e à população, reiterando que a escola deve ser sempre um espaço seguro, de proteção e de desenvolvimento humano.
Sobral é reconhecida nacionalmente como referência em políticas públicas educacionais, inspirando o Brasil com práticas que elevaram de forma consistente a qualidade do ensino. O episódio atinge, portanto, não apenas uma comunidade local, mas um símbolo do compromisso com a educação pública e de qualidade. Por essa razão, repudiamos de maneira veemente toda forma de violência que comprometa esses avanços.
A FPME reafirma que não admitirá retrocessos motivados pela violência e atua pela aprovação do Projeto de Lei nº 5.669/2023, que Institui Política de Prevenção e Combate à Violência em Âmbito Escolar (Prever) e tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados, para que seja pautado e aprovado com celeridade, a fim de fortalecer as medidas de enfrentamento à violência nas escolas, conferindo maior eficácia e respaldo legal à proteção da comunidade escolar em todo o país. O projeto é resultado de ampla discussão dos parlamentares da Educação no Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Violência nas Escolas, realizado na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados em 2023.
Por fim, reiteramos o compromisso da Frente Parlamentar Mista da Educação em assegurar que a escola permaneça sendo um ambiente de aprendizado, convivência e cidadania, livre de ameaças que comprometam o direito fundamental à educação.
Vozes da comunidade escolar
Estudantes da escola relataram medo e insegurança após o ataque. Um aluno, que conhecia as vítimas, mas faltou à aula naquele dia, disse: “Hoje eu não vim, não sei se foi livramento, coincidência, não sei. Mas a gente sempre fica ali [no pátio]. E hoje, falaram que passaram atirando. E quando eu acordei, já foi com a notícia”.
Outro estudante afirmou: “Não dá nem mais ânimo, assim, de vir, porque a gente vai estar correndo risco, né?”. O clima na escola é de luto, choque e apreensão. Professores e funcionários também expressaram preocupação com a segurança e o impacto psicológico sobre os alunos.
A violência nas escolas é um problema que exige ação imediata e coordenada. O caso de Sobral não pode ser tratado como um episódio isolado. É hora de fortalecer políticas públicas, garantir segurança e preservar o ambiente escolar como espaço de aprendizado e cidadania. Comente abaixo sua opinião e compartilhe este conteúdo para ampliar o debate.
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