Ararinhas-azuis recapturadas e condenadas: como o acordo do governo Bolsonaro entregou a espécie a uma ONG estrangeira e terminou em desastre sanitário
Todas as 11 aves reintroduzidas na Caatinga infectadas por um vírus letal, o programa pioneiro iniciado em 2020 enfrenta sua maior crise, revelando falhas de biossegurança e disputas internacionais
Em um golpe devastador para a conservação ambiental brasileira, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) confirmou, em 25 de novembro de 2025, que as últimas 11 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) que habitavam a natureza estão contaminadas com o circovírus, um patógeno letal sem cura para psitacídeos – família que inclui araras, papagaios e periquitos. As aves, recapturadas em 2 de novembro na zona rural de Curaçá, na Bahia, foram submetidas a testes que revelaram a infecção generalizada, marcando o retrocesso mais grave do programa de reintrodução da espécie, considerada uma das mais raras do mundo e endêmica da Caatinga.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia vinculada ao MMA, aplicou uma multa de R$ 1,2 milhão à empresa BlueSky Bio, responsável pelo criadouro das ararinhas em Curaçá, por _”descumprimento de medidas de biossegurança”_. A BlueSky, que assumiu a gestão do projeto após rompimentos contratuais, não respondeu a contatos da reportagem da Folha de S.Paulo, principal fonte da divulgação inicial. A situação expõe graves irregularidades no manejo das aves: recintos não limpos diariamente, com fezes antigas misturadas a restos de comida, e funcionários sem equipamentos de proteção individual, circulando de chinelo, bermuda e camiseta.
“A situação no cativeiro era muito grave”, relatou Cláudia Sacramento, analista ambiental do ICMBio e coordenadora da emergência sanitária. Ela liderou a recaptura, determinada por ordem judicial, após a BlueSky se recusar a recolher as aves, alegando que a medida seria “contraproducente e poderia encerrar o projeto de reintrodução à natureza”. Segundo Sacramento, aves doentes ainda convivem com exemplares saudáveis no criadouro, colocando em risco as mais de 90 ararinhas-azuis mantidas no local. “O criadouro argumenta não reconhecer a validade dos laudos de laboratórios como o da USP e do Ministério da Agricultura e Pecuária”, acrescentou a analista.
O circovírus, conhecido como “doença do bico e das penas”, causa embranquecimento das penas, deformidades no bico e imunossupressão, levando à morte na maioria dos casos. Originário da Austrália, o vírus não representa risco para humanos ou aves de produção, como galinhas, mas sua presença no Brasil em vida livre é questionada por especialistas. A BlueSky atribui a contaminação a aves regionais, mas análises indicam que o patógeno não circulava previamente no país. O ICMBio, em nota oficial, afirmou trabalhar para separar animais infectados dos saudáveis e implementar rotinas de biossegurança rigorosas.
Essa crise sanitária remete diretamente ao acordo firmado em junho de 2019 pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio) com a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), uma ONG alemã que, à época, detinha cerca de 90% dos exemplares da espécie em cativeiro global. O pacto, assinado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), previu a repatriação de 50 ararinhas-azuis da Alemanha para o Brasil em março de 2020, iniciando o Plano Nacional de Reintrodução. A espécie, oficialmente extinta na natureza desde os anos 2000 devido ao tráfico ilegal de animais e à degradação da Caatinga, viu cerca de 20 aves serem soltas em 2022 – das quais apenas 11 permaneciam vivas até a recaptura recente.
O projeto, no entanto, acumulou controvérsias. Em junho de 2025, a Folha revelou transações milionárias da ACTP com ararinhas-azuis na Europa, o que culminou no rompimento do contrato pelo ICMBio em 2024.
Desde então, disputas entre o governo brasileiro, a ONG alemã e a BlueSky paralisaram avanços. O biólogo sul-africano Cromwell Purchase, ex-funcionário da ACTP e responsável pelo criadouro em Curaçá, deixou o Brasil em 13 de outubro de 2025. Antes de partir, ele acusou as autoridades ambientais de sabotagem: “Elas [autoridades ambientais brasileiras] não medirão esforços para enterrar esse projeto para que possam começar um próprio, e estão dispostas a sacrificar todas as ararinhas-azuis na natureza para fazê-lo”. Purchase não respondeu a novos contatos.
Especialistas consultados por veículos como Mongabay e UOL Ecoa alertam que, sem intervenções urgentes, o episódio pode reverter anos de esforços, consolidando uma _”segunda extinção” funcional na natureza. O MMA e o ICMBio enfatizam que o foco agora é mitigar o surto, com monitoramento contínuo e testes adicionais. No entanto, a herança do acordo de 2020 – que priorizou parcerias internacionais sem salvaguardas robustas – é apontada como fator contribuinte para as vulnerabilidades atuais, incluindo a introdução inadvertida de patógenos exóticos.
Nas redes sociais, o tema ganhou tração imediata. Um post no X (antigo Twitter) de @fiscaldoibama, com mais de 13 mil curtidas em menos de um dia, criticou abertamente o governo Bolsonaro: “A BOSTA do governo BOLSONARO rifou os cuidados da ARARINHA AZUL, entregou pra uma ONG ALEMÃ e agora todas estão infectadas com um vírus mortal que NÃO EXISTIA NO BRASIL!”. Debates em blogs ambientais e portais como ((o))eco destacam a necessidade de maior soberania brasileira em projetos de conservação, evitando dependências de entidades estrangeiras.
Essa saga reforça a fragilidade da biodiversidade brasileira, onde espécies icônicas como a ararinha-azul – símbolo de resiliência na Caatinga – dependem de políticas ambientais consistentes, além de investimentos em fiscalização e ciência nacional.
O que você acha dessa crise na conservação das ararinhas-azuis? O acordo de 2020 foi um erro estratégico ou uma iniciativa ousada que precisa de correções? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para debatermos o futuro do nosso patrimônio ambiental!
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