Após virar vexame na imprensa nacional por nepotismo, Chrisóstomo demite companheira, cunhada e concunhados de seu gabinete
Coronel Chrisóstomo, aliado fiel de Bolsonaro, demitiu quatro familiares que acumularam mais de R$ 2 milhões em salários pagos pela Casa, em meio a regras rigorosas contra o nepotismo
A Câmara dos Deputados, uma das instituições mais fiscalizadas do país, voltou a ser palco de polêmica envolvendo práticas de nepotismo. Desta vez, o foco recai sobre o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro na oposição. Revelações da coluna de Tácio Lorran, no jornal Metrópoles, expuseram que o parlamentar mantinha em seu gabinete a companheira, a cunhada e dois concunhados, totalizando gastos superiores a R$ 2,1 milhões com remunerações e auxílios desde 2020. Menos de 24 horas após o questionamento jornalístico, o deputado anunciou a exoneração de todos os envolvidos, em uma nota oficial que destacou sua atuação parlamentar como forma de contextualizar o episódio.
João Chrisóstomo de Moura, de 66 anos, é engenheiro formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e coronel do Exército na reserva, com remuneração mensal de R$ 27.521,80. Nascido em Tefé (AM) e criado em Rondônia, de etnia Tukano pela linhagem materna, ele ingressou na política como suplente de vereador em Lages (SC) pelo PMDB (atual MDB) em 2004. Antes de se mudar para Brasília, atuou como secretário de Obras, Limpeza e Urbanização em Porto Velho (RO). Eleito deputado federal em 2018 pelo PSL — partido de Bolsonaro à época —, foi reeleito em 2022 pelo PL, onde assumiu a vice-liderança da oposição. Conservador e evangélico, Chrisóstomo defende bandeiras como “Deus, pátria e família” em seu site oficial, além de ser um dos articuladores da CPMI do INSS e relator de projetos como o que altera o IOF. Seu patrimônio declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cresceu 180,4% entre 2018 e 2022, passando de R$ 302 mil para R$ 847 mil.
O esquema de contratações familiares no gabinete do deputado começou em abril de 2020, com a nomeação de Elizabeth Dias de Oliveira, de 32 anos, natural de Planaltina (GO), como secretária parlamentar. Na época, ela ainda não era formalmente companheira de Chrisóstomo — a união estável foi registrada apenas em 1º de janeiro de 2022. Elizabeth ocupava o topo da tabela salarial para o cargo, com remuneração bruta de R$ 18.719,88 mensais, mais auxílios, acumulando mais de R$ 1,2 milhão em pagamentos da Câmara até novembro de 2024.
Questionada pela coluna sobre a contratação, ela respondeu de forma direta: “Eu tenho o emprego que eu quiser” e, ao ser pressionada, completou: “Publique”.
Em julho de 2022, o deputado nomeou mais dois parentes por afinidade. Naara Star de Oliveira Souza Dias, de 25 anos e irmã de Elizabeth (cunhada de Chrisóstomo), assumiu um Cargo de Natureza Especial (CNE), que exige registro de ponto, com salário bruto de R$ 8.772,24, totalizando R$ 386,5 mil recebidos. Já Gabriela Aparecida de Lima Oliveira, de 31 anos, irmã de Daniel Dias de Oliveira (pai de uma filha de Gabriela desde 2016, tornando-a concunhada do deputado), iniciou como secretária parlamentar com salário inicial de R$ 1.991,91. Ela foi exonerada em outubro de 2022, mas retornou em junho de 2023 como CNE, com aumento de 574,5% no salário — de R$ 2.591,91 para R$ 16.587,50 brutos, mais auxílios —, somando R$ 532,7 mil no total.
O quarto nome foi Luy Ferreira Sobral, de 28 anos, namorado de Naara (concunhado por afinidade), contratado em 27 de agosto de 2023 como secretário parlamentar. Ele alcançou rapidamente o teto salarial de R$ 18.719,88 brutos em setembro, com contracheque de R$ 23,8 mil incluindo auxílios, mas dados de outubro e novembro ainda não foram divulgados.
Essas nomeações violam normas claras contra o nepotismo. A Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF) e a Resolução nº 1 de 2007 da Câmara proíbem a contratação de cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau em cargos comissionados ou de confiança. Inicialmente, Chrisóstomo defendeu as contratações, alegando que os servidores já atuavam na Câmara antes da união estável, exceto Gabriela. No entanto, registros oficiais contradizem a afirmação: apenas Elizabeth foi lotada antes de 2022. A assessoria do deputado não respondeu a contatos adicionais de Daniel Dias de Oliveira e Gabriela.
A reação veio rápida. Em 7 de novembro de 2024 — um dia após o questionamento da coluna —, o gabinete emitiu nota oficial confirmando as exonerações: “Elizabeth Dias, Gabriela Aparecida Lima de Oliveira, Luy Ferreira Sobral e Naara Star de Oliveira Souza Dias não mais integram sua equipe de servidores”. A comunicação destacou o “mandato diligente” de Chrisóstomo, citando sua relatoria no projeto do IOF e o pedido de CPI do INSS, e insinuou que o episódio reflete “desconforto e revolta daqueles que por anos seguidos lesaram importante parcela da população brasileira”. As demissões, porém, ainda não foram publicadas no boletim administrativo da Casa.
O caso não é isolado no PL. Recentemente, o deputado Júnior Lourenço (PL-PA) demitiu a sogra após investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeita de nepotismo. Buscas em redes sociais, como o X (antigo Twitter), revelam críticas pontuais ao episódio, com usuários chamando Chrisóstomo de “oportunista” e “mamador do dinheiro alheio”, mas sem grande repercussão em veículos como G1, Folha de S.Paulo ou Estadão até o momento. A postagem do Metrópoles sobre o caso acumulou mais de 2 mil visualizações em poucas horas, gerando debates sobre transparência nos gabinetes parlamentares.
Especialistas em direito público consultados por veículos como o Metrópoles reforçam que, mesmo com as demissões, o episódio pode atrair escrutínio do Ministério Público ou do TCU, especialmente pela discrepância entre as declarações do deputado e os registros oficiais. A Câmara, por sua vez, reafirma o cumprimento das resoluções internas, mas não comentou o caso específico.
Esse tipo de prática reacende o debate sobre a moralidade na política brasileira, em um momento em que a oposição, liderada por figuras como Chrisóstomo, cobra ética do governo Lula. A exoneração rápida pode mitigar danos à imagem do deputado, mas não apaga os gastos já realizados com recursos públicos.
O que você acha desse caso? Nepotismo é um mal endêmico na Câmara ou há avanços na fiscalização? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo para debatermos juntos a transparência na política.
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