ANAC cassa definitivamente certificado de operação da Voepass: Crise na aviação regional se agrava
Decisão final da ANAC após acidente em Vinhedo e falhas operacionais fecha capítulo da Voepass no Brasil
Em 24 de junho de 2025, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) anunciou a cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo (COA) da Voepass Linhas Aéreas, formada pela Passaredo Transportes Aéreos e MAP Linhas Aéreas, conforme noticiado pela Folha de S.Paulo.
A decisão, que encerra permanentemente as operações da companhia, foi motivada por falhas graves e reiteradas nos sistemas de gestão de segurança, evidenciadas após o trágico acidente aéreo em Vinhedo (SP), em agosto de 2024, e confirmadas por auditorias realizadas ao longo do último ano. A medida marca o fim de uma das principais companhias regionais do Brasil, com impactos significativos para a aviação em cidades do interior.
Linha do tempo atualizada do acidente e da cassação
9 de agosto de 2024: Um ATR-72 da Voepass, voo 2283 (Cascavel, PR, a Guarulhos, SP), caiu em um condomínio em Vinhedo (SP), matando todos os 62 ocupantes (58 passageiros e 4 tripulantes). Relatórios preliminares do Cenipa sugeriram falha no sistema antigelo das asas, mas a investigação segue inconclusiva.
Agosto de 2024: A ANAC inicia a "Operação Assistida", com fiscais nas bases da Voepass (Ribeirão Preto, Guarulhos, Congonhas, Recife e Galeão) para avaliar segurança operacional. Denúncias de funcionários apontam condições precárias, como jornadas exaustivas e manutenção inadequada.
27 de agosto de 2024: Inspeção em Ribeirão Preto detecta deformação na fuselagem de uma aeronave, não identificada pela equipe de manutenção da Voepass, indicando falhas no controle interno.
Setembro de 2024: Auditorias revelam avaria na carenagem da porta de carga em Congonhas, registrada com base técnica incorreta, e trincas na junção asa-fuselagem em Ribeirão Preto, com substituição de peças danificadas sem conformidade.
Outubro de 2024: A ANAC exige da Voepass redução da malha aérea, aumento do tempo de solo para manutenção, troca de administradores e um plano de ações corretivas. A empresa não cumpre integralmente as exigências.
Fevereiro de 2025: Novas auditorias constatam reincidência de irregularidades e "degradação da eficiência do sistema de gestão". A ANAC aponta "quebra de confiança" nos mecanismos internos da Voepass para identificar e corrigir riscos.
11 de março de 2025: A ANAC suspende cautelarmente o COA da Voepass, interrompendo todas as operações. A medida afeta 34 voos diários e 1.908 passageiros no primeiro dia. A companhia opera com seis aeronaves, atendendo 15 destinos comerciais e dois contratos de fretamento.
22 de abril de 2025: A Voepass entra com pedido de recuperação judicial, citando dívidas de R$ 428,7 milhões e dificuldades agravadas pela suspensão e pelo fim da parceria com a Latam, que alegou preocupações com segurança após o acidente.
Maio de 2025: Laudos técnicos confirmam cinco falhas estruturais em quatro aeronaves entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, incluindo trincas, danos na fuselagem e falhas de manutenção não registradas. A ANAC abre 15 processos administrativos contra a Voepass desde agosto de 2023.
10 de maio de 2025: A ANAC retira os slots da Voepass em Congonhas (20 diários) e Guarulhos (8 diários) até 25 de outubro, devido ao descumprimento do índice de regularidade (80% de voos por temporada). Os slots são redistribuídos para outras companhias.
24 de junho de 2025: A ANAC cassa definitivamente o COA da Voepass, conforme noticiado pela Folha de S.Paulo, devido à incapacidade da empresa de corrigir as não conformidades e restaurar a confiabilidade operacional. A decisão encerra as operações da companhia no Brasil.
Opinião de Especialistas
Roberto José Silveira Honorato, diretor-presidente substituto da ANAC: Em audiência no Senado, Honorato afirmou que a cassação foi inevitável devido à "perda de confiabilidade nos sistemas de gestão da Voepass", destacando que a decisão prioriza a segurança e não está diretamente ligada ao acidente de Vinhedo, mas sim às falhas sistêmicas verificadas.
Alex André, economista: André avalia que a cassação definitiva marca o fim da Voepass como operadora viável, dado o impacto financeiro da suspensão e a perda de slots. Ele prevê dificuldades para a aviação regional, com aumento de preços em rotas antes atendidas pela Voepass.
Bruno Diniz Del Bel, superintendente de Padrões Operacionais da ANAC: Del Bel destacou que a Voepass apresentou "reincidência sistemática de irregularidades" e falhas no Sistema de Análise e Supervisão Continuada (SASC), comprometendo a segurança operacional.
Josias de Souza, colunista do UOL: Souza criticou a demora da ANAC em agir, afirmando que a suspensão inicial, em março, veio sete meses após o acidente de Vinhedo, levantando questionamentos sobre a eficácia da fiscalização prévia. Ele elogiou a cassação como necessária, mas tardia.
Daniel Calazans, perito aeronáutico: Calazans questionou se as irregularidades já comprometiam a segurança antes da suspensão, sugerindo que a ANAC deveria esclarecer desde quando as falhas eram conhecidas.
Impacto da cassação nas operações aéreas no Brasil
A cassação definitiva do COA da Voepass, quarta maior companhia aérea do Brasil com 0,4% do mercado (RPK), intensifica a crise na aviação regional. A empresa conectava 15 destinos, como Ribeirão Preto, Presidente Prudente e Fernando de Noronha, e operava contratos de fretamento, incluindo um com a Petrobras (assumido pela Azul em março de 2025). Os impactos incluem:
Passageiros: A suspensão inicial afetou 30 mil bilhetes, muitos comercializados via Latam (acordo de codeshare). A Resolução 400 da ANAC garantiu reembolso ou reacomodação, mas a cassação elimina a possibilidade de retomada dos voos, forçando passageiros a depender de Gol, Latam e Azul, que concentram 99,5% do mercado.
Aviação Regional: A saída da Voepass reduz a oferta em cidades menores, aumentando preços e limitando a conectividade. Rotas como Fernando de Noronha foram impactadas, com a Latam operando voos emergenciais com jatos Airbus (A319 e A320neo) após liberação excepcional da ANAC.
Mercado Aéreo: A redistribuição dos slots de Congonhas e Guarulhos para Gol, Latam e Azul reforça o oligopólio das grandes companhias. O Comando da Aeronáutica tentou alocar os slots para aviação geral (táxis aéreos e jatos executivos), mas a ANAC priorizou companhias de voos regulares.
Crise Financeira: Com dívidas de R$ 428,7 milhões, a Voepass enfrenta recuperação judicial sem perspectiva de retomada. A perda do contrato com a Latam, que gerava R$ 24 milhões mensais, e a suspensão de contratos de fretamento, como o da Petrobras, agravaram a situação.
Empregos: Em abril de 2025, a Voepass anunciou demissões para "readequar o quadro à nova realidade", sem divulgar números. A cassação definitiva deve intensificar os cortes, afetando tripulantes, aeroportuários e equipes de apoio.
Sentimento no X: Postagens recentes, como as de @AlertaNews24 e @aero_in, refletem choque com a cassação definitiva, destacando a gravidade das falhas de segurança e o impacto na aviação regional. Usuários como @EBaviation criticam a demora da ANAC, enquanto outros lamentam a perda de conectividade em cidades do interior.
A cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo da Voepass pela ANAC, anunciada em 24 de junho de 2025, encerra as operações de uma companhia que, apesar de sua pequena participação de mercado, desempenhava um papel crucial na aviação regional brasileira.
A decisão, fundamentada em falhas graves de segurança e na incapacidade da empresa de corrigir irregularidades, reforça a prioridade da ANAC à segurança aérea, mas expõe fragilidades na fiscalização prévia, como apontado por especialistas.
A saída da Voepass consolida o domínio das grandes companhias (Gol, Latam e Azul) e ameaça a conectividade de cidades menores, com aumento de preços e redução de opções para passageiros. A recuperação judicial da Voepass, agora sem perspectiva de retomada, enfrenta um cenário desafiador, enquanto o setor aéreo brasileiro reflete sobre os custos de negligenciar a segurança operacional.
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