Ambulante baleado por delegado em Fernando de Noronha passa por cirurgia
Ciúmes, tiros e revolta: briga em festa de samba expõe tensões na ilha e levanta debate sobre conduta policial
Na madrugada de segunda-feira (5), uma festa de samba no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha, terminou em violência e indignação. Emanuel Pedro Apory, um ambulante de 26 anos que trabalha com locação de barracas de praia, foi baleado na perna pelo delegado substituto da ilha, Luiz Alberto Braga de Queiroz, após uma discussão motivada por ciúmes. O caso, registrado por câmeras de segurança, desencadeou protestos na ilha, interditando a BR-363 e o aeroporto local, além de gerar investigações pela Polícia Civil e pela Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS).
O confronto no Forte dos Remédios
Segundo testemunhas, a briga começou quando o delegado acusou Emanuel de olhar para a mulher que o acompanhava. Imagens de uma câmera de segurança mostram Luiz Alberto esperando o ambulante na porta do banheiro, exibindo um revólver e empurrando-o contra a parede. A situação escalou quando Emanuel revidou os empurrões, momento em que o delegado disparou duas vezes, atingindo a perna da vítima. Ferido, Emanuel saiu em busca de ajuda.O ambulante foi inicialmente atendido no Hospital São Lucas, em Fernando de Noronha, e transferido em um avião de salvamento para o Hospital da Restauração (HR), no Recife. Na noite de segunda-feira (5), ele passou por uma cirurgia para corrigir uma fratura exposta na perna. Segundo nota do HR, Emanuel está internado com quadro de saúde estável, sob cuidados de uma equipe multiprofissional.
A defesa do delegado
A Associação dos Delegados do Estado de Pernambuco (Adepe), representada pelo advogado Rodrigo Almendra, defendeu Luiz Alberto, alegando que ele agiu em “legítima defesa” diante de “agressões injustas”. Em nota, a Adepe afirmou que o delegado se identificou como policial, tentou recolher a arma ao coldre e abordou Emanuel por um suposto “comportamento reiterado de perseguição/importunação” contra sua companheira. Mesmo ciente da presença de um policial armado, o ambulante teria iniciado “violentas agressões físicas” com intenção de desarmá-lo, segundo a associação.
A Adepe destacou que Luiz Alberto não consumiu bebidas alcoólicas durante o evento e se apresentou espontaneamente à Polícia Federal, única autoridade disponível na ilha no momento. O delegado também foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames de sangue, comprovando ausência de álcool, e de corpo de delito, para atestar lesões sofridas na briga.




Revolta em Fernando de Noronha
O caso gerou forte reação entre os moradores da ilha. Amigos e familiares de Emanuel realizaram protestos, interditando a BR-363 com pneus e madeiras em chamas por mais de uma hora. A manifestação foi dispersada pela Polícia Federal e pela Polícia Militar. Outro ato ocorreu no aeroporto de Noronha, quando o delegado embarcou para o Recife, com a população exigindo justiça.
A revolta reflete a indignação com a violência e a percepção de abuso de autoridade, especialmente em um contexto onde a vítima é um trabalhador local e o agressor, uma autoridade policial. Os protestos também levantam questões sobre a segurança e a conduta de agentes públicos em Fernando de Noronha, destino turístico conhecido por sua tranquilidade.
Investigação em andamento
A Polícia Civil instaurou um inquérito no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife, para apurar o caso. A Corregedoria Geral da SDS também abriu um procedimento preliminar e acompanha as investigações. As autoridades prometem esclarecer os fatos, analisando as imagens das câmeras de segurança, depoimentos de testemunhas e os exames realizados pelo IML.
O caso expõe tensões entre a comunidade local e as forças policiais, além de reacender o debate sobre o uso de armas de fogo por agentes públicos em situações fora de serviço. Enquanto Emanuel se recupera no hospital, a população de Noronha e a sociedade pernambucana aguardam os desdobramentos da investigação para que a justiça seja feita.
Palavras-chave: Fernando de Noronha, delegado, ambulante baleado, protestos, Polícia Civil, investigação, legítima defesa, ciúmes, Hospital da Restauração, Adepe, Corregedoria.
Hashtags: #PainelPolitico #FernandoDeNoronha #Justiça #PolíciaCivil #Protestos #ViolênciaPolicial #Pernambuco