Ambipar abre inquérito policial contra ex-CFO João Arruda em meio a crise financeira
Investigação interna aponta irregularidades em contratos com Deutsche Bank, enquanto a empresa de Tercio Borlenghi Junior avalia recuperação judicial bilionária
A Ambipar, uma das principais empresas de soluções ambientais do Brasil, comandada pelo CEO Tercio Borlenghi Junior, vive dias de turbulência nos bastidores. Às vésperas de um possível pedido de recuperação judicial para lidar com dívidas estimadas em até R$ 15 bilhões, a companhia deu um passo decisivo: na terça-feira, 14 de outubro, foi aberto um inquérito policial em uma delegacia de São Paulo para investigar denúncias de irregularidades contra o ex-diretor financeiro e de relações com investidores (CFO), João Arruda.
A investigação interna conduzida pela Ambipar revelou atas, documentos e e-mails que, segundo a empresa, comprovam que Arruda teria mascarado negociações de aditivos contratuais com o Deutsche Bank, ocultando-os deliberadamente dos sócios-controladores e do conselho de administração. Esses aditivos alteraram a estrutura de derivativos financeiros destinados a proteger a companhia contra oscilações cambiais, o que contribuiu para o agravamento da crise.
A Ambipar acusa formalmente o ex-executivo de fraude, abuso na administração de sociedade por ações e estelionato, crimes que agora serão apurados pela Polícia Civil paulista. A espiral de problemas da Ambipar ganhou força nas últimas três semanas, com uma queda de mais de 10% nas ações (AMBP3) na B3, após a troca no comando financeiro e revelações sobre os contratos problemáticos.
Fontes próximas à companhia indicam que o pedido de recuperação judicial pode ser protocolado em breve, possivelmente na próxima semana, abrangendo tanto o Brasil quanto os Estados Unidos, onde parte dos credores está concentrada. A dívida total, que inclui obrigações com bancos e fundos internacionais, é avaliada em cerca de R$ 10 bilhões, com boa parte ligada a essas operações de hedge que saíram do controle.
Do outro lado, João Arruda nega veementemente qualquer irregularidade e já recorreu à Justiça para contestar as acusações da Ambipar, chamando-as de “narrativa infundada”. Em sua defesa, o ex-CFO argumenta que o aditivo contratual foi assinado por dois diretores estatutários da empresa e que o texto do documento deixa claro o conhecimento do controlador e CEO, Tercio Borlenghi Junior, sobre o acordo. Ele reforça que, conforme o estatuto da Ambipar, a responsabilidade por levar temas sensíveis como esse ao conselho de administração recai sobre o CEO – que, no caso, também integra o colegiado. Arruda questiona ainda: “Se o aditivo era temerário, por que os dois executivos que o assinaram não foram demitidos?”
O caso ganhou contornos adicionais quando Arruda marcou uma reunião privada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para apresentar sua versão dos fatos, em meio a uma disputa paralela com o Deutsche Bank sobre os derivativos. Analistas do mercado apontam que essa crise interna agrava a vulnerabilidade da Ambipar, que já enfrenta pressões de credores e uma possível extensão da recuperação judicial para jurisdições estrangeiras em 30 a 45 dias.
Embora o foco imediato seja a apuração policial e judicial, o episódio expõe fragilidades na governança corporativa de empresas listadas em bolsa, especialmente em setores regulados como o ambiental. A Ambipar, que atua em gestão de resíduos e serviços ecológicos, viu seu valor de mercado encolher drasticamente desde o início das revelações, em setembro.
Resta aguardar os desdobramentos do inquérito e das ações na Justiça para entender o impacto pleno nessa trajetória.
O que você acha dessa crise na Ambipar? Ela reflete problemas maiores no mercado de capitais brasileiro? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este artigo com sua rede para debatermos juntos!
Palavras-chave: Ambipar, João Arruda, recuperação judicial, inquérito policial, Tercio Borlenghi Junior, Deutsche Bank, derivativos financeiros, crise corporativa, governança empresarial, AMBP3.
Siga o Painel Político nas redes sociais:
Twitter: @painelpolitico
Instagram: @painelpolitico
LinkedIn: Painel Político
Junte-se ao debate em tempo real!
Canal no WhatsApp: Inscreva-se aqui
Telegram: Acompanhe no PainelP
Hashtags: #PainelPolitico #Ambipar #RecuperacaoJudicial #JoaoArruda #CriseFinanceira #GovernancaCorporativa #DeutscheBank #MercadoDeCapitais