Amazônia: novos trilhos para exportações enfrentam desafios socioambientais
Expansão ferroviária, incluindo a Ferrovia Bioceânica ligando Bahia ao Peru, promete reduzir custos logísticos e impulsionar o agronegócio, mas levanta preocupações com desmatamento e impactos em comu
Nos últimos anos, o Brasil consolidou sua posição no mercado global, abrindo 403 novos mercados para produtos nacionais entre 2023 e agosto de 2025, segundo o Ministério da Agricultura. Para sustentar essa expansão, a Amazônia está no centro de um ambicioso plano de infraestrutura logística, com 13 corredores ferroviários planejados para encurtar o transporte de commodities, como soja, milho e minérios, rumo aos portos do Arco Norte, Sudeste e, agora, do Pacífico.
Entre os projetos, destaca-se a Ferrovia Bioceânica, que conectará o porto de Ilhéus, na Bahia, ao porto de Chancay, no Peru, passando por Rondônia, com o objetivo de reduzir custos logísticos em até 30% e ampliar a competitividade brasileira, especialmente no mercado asiático.
Contudo, a iniciativa enfrenta desafios socioambientais, com alertas sobre desmatamento e impactos em comunidades tradicionais, especialmente em áreas sensíveis como o Parque Nacional do Jamanxim e territórios indígenas.
A expansão das ferrovias na Amazônia
O Plano Nacional de Ferrovias (PNF), lançado em junho de 2025 pelo Ministério dos Transportes no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevê investimentos de R$ 138,6 bilhões para modernizar e expandir a malha ferroviária nacional, elevando sua participação na matriz logística de 20% para 40% até 2035.
Na Amazônia, quatro rotas estão em estudo ou concessão, duas em construção e 13 autorizadas para execução com recursos privados, incluindo a estratégica Ferrovia Bioceânica.
Os principais projetos ferroviários na região incluem:
Corredor Leste-Oeste (Fico/Fiol): Integra a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), conectando Goiás e Mato Grosso, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), ligando o sul da Bahia a Tocantins, com acesso ao Porto de Ilhéus. A Fico, com entrega prevista para 2028, conta com R$ 2,73 bilhões da Vale. “A Fico é essencial para o Vale do Araguaia”, afirma Luiz Pedro Bier, vice-presidente da Aprosoja-MT.
Ferrogrão (Sinop–Miritituba): Com 933 km, conecta Sinop (MT) aos portos de Miritituba (PA), mas enfrenta entraves judiciais no STF devido a impactos no Parque Nacional do Jamanxim. “A Ferrogrão pode reduzir 3,4 milhões de toneladas de CO² anualmente”, diz a Estação da Luz Participações. No entanto, o projeto ameaça 4,9 milhões de hectares, segundo o IEMA.
Extensão da Norte-Sul (Açailândia–Barcarena): Integra o Pará a São Paulo, facilitando o escoamento para portos do Norte. “A Norte-Sul conecta o Brasil de norte a sul”, declara Renan Filho, ministro dos Transportes.
Transnordestina: Liga o Piauí aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE), com R$ 3,6 bilhões investidos em 2024. “Impulsionará a economia nordestina”, afirma Renan Filho.
Ferrovia Bioceânica (Ilhéus–Chancay): Assinada em 7 de julho de 2025 entre Brasil e China, a ferrovia cruzará Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, até o porto de Chancay, no Peru, com 3.000 a 4.400 km de extensão. O projeto, parte da iniciativa chinesa Nova Rota da Seda, visa reduzir o tempo de transporte para a Ásia de 40 para 28 dias, segundo estimativas peruanas. “É um passo estratégico para aproximar continentes”, destaca Leonardo Ribeiro, secretário nacional de Transporte Ferroviário. Estudos de viabilidade, conduzidos pela Infra S.A. e pela China Railway, avaliarão a integração com a Fiol e Fico, mas ainda não há custos ou traçado definitivo.
Benefícios econômicos e competitividade
As ferrovias, especialmente a Bioceânica, reforçam o Brasil como líder em segurança alimentar global. Em 2024, o país exportou 150 milhões de toneladas de cargas por ferrovias, segundo a ANTF. A Bioceânica fortalecerá Rondônia como polo exportador, beneficiando produtos como couro e tambaqui, já exportados ao Peru, e ampliando o acesso à China, que importou US$ 7,9 bilhões em produtos brasileiros em 2024. “A ferrovia reduzirá custos e abrirá mercados asiáticos”, afirma Leonardo Ribeiro. A integração com o porto de Chancay, financiado pela China, promete maior eficiência logística, evitando rotas tradicionais como o Canal do Panamá.
Impactos socioambientais e resistência
O IEMA alerta que as ferrovias, incluindo a Bioceânica, podem intensificar o desmatamento e conflitos fundiários. O traçado da Bioceânica, atravessando a Amazônia e a Cordilheira dos Andes, levanta preocupações com impactos na Floresta Amazônica e comunidades indígenas. “Os projetos devem considerar impactos cumulativos”, alerta André Ferreira, diretor do IEMA. Em 2023, 70 organizações exigiram consultas prévias, conforme a Convenção 169 da OIT. “A Amazônia não pode ser atropelada”, diz carta das comunidades.
O papel do setor privado e desafios
Empresas como Vale, Rumo e China Communication Construction Company (CCCC) lideram investimentos. A Bioceânica, com custos estimados entre US$ 12 e US$ 72 bilhões, depende de estudos para viabilidade técnica e ambiental. “O Brasil tem histórico de desperdício em obras públicas”, critica Cláudio Frischtak, da Inter.B. A ministra Simone Tebet destacou o interesse chinês: “Eles querem rasgar o Brasil com ferrovias”.
Um futuro sustentável?
O governo promete reduzir emissões em 85% com o modal ferroviário, mas a priorização de commodities preocupa. “Precisamos diversificar as cargas”, afirma André Ferreira. O sucesso da Bioceânica e das demais ferrovias dependerá de transparência, inclusão de comunidades e equilíbrio entre economia e preservação.
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