Advogado criminalista Daniel Keller é encontrado morto em salvador
investigação está em curso para esclarecer as circunstâncias da morte do renomado profissional do direito
Na manhã desta sexta-feira, 13 de junho de 2025, o advogado criminalista e professor universitário Daniel Joau Perez Keller, de 40 anos, foi encontrado morto em um quarto do Hotel Mercure, localizado no bairro Caminho das Árvores, em Salvador, Bahia. A informação foi confirmada pela delegada Maritta Souza, da 16ª Delegacia Territorial, e a investigação foi assumida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Até o momento, as autoridades não divulgaram a causa da morte, mas a principal hipótese levantada é suicídio, conforme fontes próximas à investigação.
Daniel Keller estava sozinho no apartamento 307, no terceiro andar do hotel, registrado em nome de sua mãe. Uma arma de fogo foi encontrada no local e recolhida pelo Serviço de Investigação de Local de Crime (SILC) para perícia. Equipes da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico) estão analisando imagens de câmeras de segurança e coletando depoimentos de testemunhas e familiares para esclarecer as circunstâncias do ocorrido. Segundo informações preliminares, Keller teria chegado ao hotel na noite anterior, após o término de um relacionamento. Imagens de segurança indicam que ele estava desacompanhado ao entrar no local, e funcionários do hotel relataram ter recebido uma ligação de alguém que perguntava por ele antes da descoberta do corpo.
Uma carreira marcada por excelência e notoriedade
Daniel Keller era um dos nomes mais respeitados no meio jurídico baiano. Graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (UCSal) em 2007, especializou-se em Ciências Criminais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2009 e obteve o título de mestre em Direito pela UCSal em 2021. Além de sua atuação como advogado criminalista, Keller era sócio do escritório Daniel Keller Advocacia Criminal e professor em instituições renomadas, como a UCSal, a Faculdade Ruy Barbosa e a UniFTC.
O advogado ganhou destaque por sua atuação em casos de grande repercussão na Bahia. Entre eles, está o caso da médica Kátia Vargas, absolvida em 2017 da acusação de provocar um acidente de trânsito que resultou na morte dos irmãos Emanuelle e Emanuel Gomes, em 2013. Keller também representou a família de Lucas Terra, jovem de 14 anos vítima de abuso sexual, tortura e assassinato em 2001, em um caso envolvendo ex-bispos da Igreja Universal. Outro caso notável foi o feminicídio de Kezia Stefany da Silva Ribeiro, cometido pelo advogado José Luiz Meira, no qual Keller também atuou.
Repercussão na comunidade jurídica
A morte de Keller gerou profunda comoção entre colegas, alunos e amigos. O promotor de Justiça Davi Gallo, amigo pessoal do advogado, expressou seu choque: “Era muito admirado pelos alunos, um advogado muito inteligente, capaz e que não tinha inimigos. Não advogava para o crime organizado. Realmente é um choque.” Um colega próximo, entrevistado pelo Portal A TARDE, destacou a excepcionalidade de Keller: “Ele parecia ter o Código Penal e o Código de Processo Penal decorados. Sua capacidade de raciocínio e domínio da legislação criminal brasileira era formidável.”
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) suspendeu a sessão do Conselho Pleno marcada para esta sexta-feira, onde Keller era esperado para atuar em um julgamento. A entidade aprovou uma moção de pesar e enviou o presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, Saulo Guimarães, ao local do ocorrido para acompanhar as investigações. Em nota, a OAB-BA destacou a competência e o carisma de Keller: “Para além da sua competência profissional e institucional, Keller era antes de tudo um amigo. Durante sua trajetória, ele honrou a todos os advogados e advogadas com sua atuação sempre firme. Pessoa querida por todos, deixará saudades não apenas nos fóruns, mas principalmente nas rodas de conversas.”
A Caixa de Assistência dos Advogados da Bahia (CAAB) também emitiu uma nota de pesar, assinada pelo presidente Maurício Leahy, expressando solidariedade aos familiares e amigos. A presidenta da OAB-BA, Daniela Borges, lamentou a perda: “Daniel era um advogado brilhante que nos deixa de maneira precoce. A tristeza por sua perda é muito grande e atinge não apenas a advocacia, mas todos aqueles que realmente acreditam no Estado Democrático de Direito.”
Contexto de violência contra advogados na Bahia
A morte de Daniel Keller reacende o debate sobre a segurança de advogados criminalistas na Bahia, especialmente aqueles que atuam em casos sensíveis. Nos últimos dois anos, pelo menos três advogados foram assassinados no estado, muitos em circunstâncias ligadas à sua atuação profissional. Em abril de 2025, o advogado Danilo Cerqueira de Santana foi encontrado morto com marcas de tiro na Prainha do Lobato, em Salvador, gerando protestos por justiça e proteção à categoria. A OAB-BA tem cobrado investigações rigorosas e medidas para garantir a segurança dos profissionais do Direito.
Investigação em andamento
O DHPP segue analisando as circunstâncias da morte de Keller, com a possibilidade de suicídio sendo considerada, embora nenhuma conclusão oficial tenha sido divulgada. A análise da arma encontrada no quarto, os laudos periciais do Departamento de Polícia Técnica (DPT) e os depoimentos de testemunhas serão cruciais para esclarecer o caso. A delegada Maritta Souza afirmou que a polícia já tem uma linha de investigação, mas não revelou detalhes para não comprometer o andamento das apurações.
Até o momento, não há informações sobre o velório ou sepultamento de Daniel Keller. A comunidade jurídica e a sociedade baiana aguardam respostas sobre a perda de um profissional tão respeitado, cuja trajetória deixou um legado significativo no Direito e na educação.
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