A queda do Banco Master expõe o lado ostentação da holding Titan de Vorcaro
Em meio à prisão de Daniel Vorcaro e à liquidação extrajudicial do Banco Master, a holding Titan revela um portfólio de sucessos e riscos que agora enfrenta turbulências
A prisão de Daniel Vorcaro, fundador e controlador do Banco Master, na Operação Compliance Zero, desencadeou não apenas a liquidação extrajudicial da instituição financeira em 18 de novembro de 2025, mas também um escrutínio sobre sua holding pessoal, a Titan. Localizada em dois andares do icônico “prédio da baleia” na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo – um dos símbolos do poder financeiro brasileiro –, a Titan ocupa 4 mil metros quadrados, um espaço que contrasta com a eficiência típica do bairro. Enquanto empresas vizinhas alocam de 150 a 200 funcionários por andar, a holding conta com cerca de dez colaboradores, servidos por um elevador privativo que conecta diretamente ao heliponto.
Essa estrutura reflete o estilo de Vorcaro, conhecido por sua paixão por um lifestyle de alto padrão. De acordo com uma fonte que visitou o local e falou sob condição de anonimato, o escritório inclui uma academia completa, sauna e hidromassagem, além de uma adega com centenas de garrafas de vinhos finos e um bar em estilo inglês estocado com safras raras de Macallan, o uísque escocês recordista em leilões de bebidas premium. O fumódromo, por sua vez, abriga charutos cubanos selecionados, elevando o ambiente a um patamar que supera até os escritórios recobertos de mármore comuns na Faria Lima, onde a imagem é crucial para atrair clientes.
No entanto, a liquidação do Banco Master – determinada pelo Banco Central do Brasil (BC) após investigações revelarem fraudes estimadas em R$ 12 bilhões, incluindo operações de crédito fictícias vendidas ao Banco de Brasília (BRB) – está desmontando os investimentos da Titan. A holding, descrita em seu site como uma reestruturadora de empresas, gerencia os ativos pessoais de Vorcaro e destaca casos de sucesso que agora enfrentam questionamentos. Procurada pelo Estadão, a Titan não se pronunciou sobre os desdobramentos.
Entre os exemplos apresentados no site da Titan, está o grupo de varejo de moda Veste (antiga Restoque), dono das marcas Le Lis Blanc, Bo.bô e Dudalina. Após uma recuperação judicial, a WNT Capital – gestora de recursos na qual Vorcaro é um dos principais investidores – converteu dívidas em ações, assumindo 56% da empresa, conforme o portfólio da holding. No entanto, com o agravamento da crise no Banco Master, essa participação foi vendida ao BTG Pactual em outubro de 2025, por meio de acordos que transferiram o controle acionário para o banco de investimentos, representando uma das movimentações mais significativas no setor de moda brasileiro.
Outro caso emblemático é o da Oncoclínicas, rede especializada em tratamento de câncer. Em maio de 2024, investidores dos fundos Quíron e Tessália – ancorados pelo Banco Master – fecharam um acordo para subscrever até R$ 1 bilhão em novas ações da companhia, conforme divulgado no site da Titan. Contudo, a liquidação do Master expôs vulnerabilidades: a Oncoclínicas revelou ter R$ 433 milhões investidos em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) da instituição. Desse montante, R$ 217 milhões já haviam sido provisionados como perda no terceiro trimestre de 2025, devido a rebaixamentos de rating, enquanto os R$ 216 milhões restantes representam uma perda potencial imediata. Na semana seguinte à liquidação, a empresa anunciou que exercerá a opção de compra das cotas dos fundos Quíron e Tessália, avaliadas em R$ 203 milhões na data do anúncio, como medida para mitigar impactos. Em novembro de 2025, as ações da Oncoclínicas (ONCO3) despencaram quase 18%, refletindo a aversão ao risco dos investidores e elevando a alavancagem da companhia em cerca de 0,8 vez sobre o EBITDA dos últimos 12 meses, segundo analistas do J.P. Morgan.
O portfólio da Titan, que lista 29 negócios em seu site, inclui sete empresas diretamente ligadas ao Banco Master, como sua corretora e o Credcesta, emissor de cartões de crédito consignado para servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Desses, apenas o banco digital Will Bank permanece operacional – sua venda está em negociação e não foi afetada pela liquidação pelo BC. O Banco Voiter, por exemplo, foi vendido a Augusto Lima, sócio de Vorcaro no Master e também preso na Compliance Zero.
Outros ativos já foram alienados, como o Fasano Itaim (hotel de luxo) e a mineradora Itaminas, além da participação na Light S.A., empresa de energia cuja fatia foi vendida ao BTG Pactual em uma transação que somou R$ 1,5 bilhão com outros ativos. Várias companhias no portfólio compartilham laços com o empresário Nelson Tanure, um dos nomes mais influentes no mercado brasileiro, com investimentos em setores como energia e saúde. Além da Light, constam a Alliança Saúde (medicina diagnóstica), a Emae (energia) e a Ligga Telecom (provedora de internet, originada da Sercomtel, adquirida por Tanure por R$ 2,4 bilhões em 2020). A Oncoclínicas também foi alvo de tentativas de aquisição por Tanure, para fusão com a Alliança.
Procurado, Tanure emitiu nota afirmando: “não ter nenhum vínculo com o escritório mencionado, não podendo, portanto, comentar seu portfólio. Ao longo de mais de cinco décadas, Tanure mantém uma trajetória reconhecida no mercado, marcada por investimentos relevantes, orientados à recuperação de ativos estratégicos e ao fortalecimento de empresas brasileiras”. Anteriormente, ele negou ser controlador do Banco Master, descrevendo a instituição como “apenas uma, entre tantas outras, utilizadas profissionalmente para a materialização de operações financeiras corriqueiras no mercado de valores mobiliários”.
Como revelado pelo Estadão, um inquérito da Polícia Federal (PF), aberto em 2024 a pedido do Ministério Público Federal (MPF), investiga possíveis ligações entre Tanure e o Banco Master, incluindo indícios de controle oculto por meio de uma rede complexa de empresas e fundos, como Aventti, Estocolmo e Banvox. A apuração, motivada por denúncia da gestora Esh Capital, aponta potenciais crimes de gestão temerária e indução ao erro de investidores. Tanure e o Master negam qualquer sociedade direta, mas o caso ganhou tração em 2025, com ligações adicionais reveladas em investigações sobre lavagem de dinheiro envolvendo gestoras como Reag Investimentos, parceira de Tanure e do Master.
A crise do Banco Master, que acionou o maior resgate da história do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) – R$ 41 bilhões para 1,6 milhão de clientes –, expõe falhas de supervisão e pressões políticas sobre o BC, conforme relatos de servidores. Vorcaro, preso preventivamente e com defesa negando as acusações de fraude de R$ 12 bilhões, enfrenta um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), onde financiou eventos com a cúpula judiciária entre 2022 e 2024, gerando debates éticos.
Enquanto isso, o impacto se espalha: além da Oncoclínicas e Veste, empresas como Emae e Cedae enfrentam perdas em títulos do Master, e fundos como Rioprevidência negociam resgates. A Titan, outrora símbolo de reestruturações bem-sucedidas, agora ilustra os riscos de um ecossistema financeiro interconectado, onde o colapso de um player pode abalar cadeias inteiras de investimentos.
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