A jornada da descarbonização da indústria têxtil e de confecção
Por Camila Zelezoglo* e Fernando Valente Pimentel**
O recente lançamento da Liga de Descarbonização pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) marca um passo significativo no percurso do setor em sua jornada, cada vez mais enfática, rumo à produção e consumo sustentáveis. Tal movimento apresenta um cenário promissor para o futuro da moda e alinha a atividade às exigências globais de redução de emissões de gases de efeito estufa. Também contribui para o posicionamento do Brasil como líder emergente na agenda das mudanças climáticas.
Diferentes estimativas apontam que a cadeia de valor da moda responde globalmente por 2% a 8% das emissões totais. No entanto, sabemos que a China – maior produtor têxtil e de confecção no ranking mundial – é responsável por grande parte dessas emissões, porque sua matriz energética é baseada em combustíveis fósseis, em particular o carvão.
O Brasil apresenta condições únicas, que o colocam em posição privilegiada quanto às emissões globais. Com matriz energética predominantemente renovável, composta majoritariamente por hidrelétricas, e com avanços notáveis em geração eólica e solar, tem um ativo ambiental incomparável.
Atualmente, de acordo com o Balanço Energético Nacional, 74% das energias consumidas pela indústria têxtil e de confecção brasileira são de origem renovável, sendo 67% provenientes da eletricidade e 7%, de biomassa. O gás natural representa 21% do consumo do setor. É neste último item que se faz necessária avaliação de possibilidades de substituição para redução de emissões.
A legislação nacional, aliada à nossa matriz energética limpa, proporciona um diferencial competitivo crucial para a indústria têxtil e de confecção, que deve aproveitar essas vantagens para se consolidar no mercado global, o qual demanda de maneira crescente responsabilidade socioambiental dos produtos consumidos. Nesse sentido, também cabe mencionar que o setor conta com cerca de quatro mil empresas certificadas, que garantem práticas socialmente justas e responsáveis. Ademais, o Brasil também é detentor da maior safra de algodão certificado do mundo.
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a Painel Político para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.