A disparada do dólar já se reflete nos preços na Argentina
Análise dos impactos econômicos recentes no país vizinho e lições para o cenário regional – acompanhe no Painel Político
No contexto de uma economia volátil, o governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei e pelo ministro da Economia Luis Caputo, enfrenta desafios com a recente alta do dólar, que tem se traduzido em aumentos de preços em diversos setores. Inicialmente, autoridades afirmaram que a valorização da moeda norte-americana não afetaria os preços ao consumidor, mas evidências recentes indicam o contrário. De acordo com relatórios de grandes supermercados e comércios locais, fabricantes de produtos de consumo massivo anunciaram reajustes que variam de 3% a 9%, impactando itens essenciais como alimentos, bebidas, produtos de limpeza e lácteos. Esses ajustes, aplicados a partir de julho de 2025, contrariam a expectativa oficial de que a recessão econômica manteria a demanda baixa e, consequentemente, os preços estáveis.
O artigo publicado no jornal Página/12 destaca que empresas como Arcor, Mondelez (antiga Kraft), Unilever, Colgate, Softys, Mastellone (da marca La Serenísima) e Danone enviaram listas de preços atualizadas. Por exemplo, a Arcor aplicou aumentos entre 3% e 5%, enquanto a Mondelez elevou seus produtos em até 9%. No setor de óleos, companhias como Aceitera General Deheza (AGD) e Cañuelas anunciaram reajustes de 5%. Além disso, há relatos de subidas em cigarrillos (até 8%) e em itens como farinhas e panificados em comércios de bairro. Esses movimentos são atribuídos à alta de 14% no dólar durante julho, que elevou custos de produção e importação, forçando os fornecedores a repassar os aumentos apesar da demanda retraída.
Buscas em fontes jornalísticas como MisionesOnline revelam que o impacto não se limita ao varejo de alimentos. No setor automotivo, a volatilidade cambial resultou em aumentos de até 12% nos preços de veículos, marcando o maior reajuste do ano até o momento. A publicação aponta que fatores como o contexto eleitoral e a instabilidade do dólar influenciam estratégias comerciais das montadoras, com potencial para afetar ainda mais o mercado nos próximos meses.
Outras notícias, como as do Minuto Uno, mostram a reação do presidente Milei à escalada do dólar. Em uma postagem nas redes sociais, ele compartilhou uma análise de um economista que destaca a flutuação da moeda sem um traslado imediato aos preços, acompanhada de taxas de juros reais positivas. A mensagem, descrita como "críptica" pela imprensa, usa o termo "flota" para sugerir uma estabilidade relativa, mas contrasta com os reajustes observados no varejo.
Do ponto de vista macroeconômico, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avalizou recentemente o rumo adotado pelo governo Milei, conforme reportado pelo Diário Río Negro. O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, afirmou que a economia argentina está em "forte recuperação", com destaque para a redução da inflação e o crescimento do PIB. Essa avaliação ocorreu antes de uma revisão formal, em meio a uma alta de quase 14% no dólar em julho. No entanto, o Banco Central argentino perdeu cerca de 500 milhões de dólares em intervenções no mercado de futuros para conter a escalada, como noticiado por La Nación.
Adicionalmente, o setor agroexportador registrou um desempenho positivo, com liquidações superiores a 4.100 milhões de dólares em julho de 2025, um aumento de 57% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Perfil. Esse recorde histórico é atribuído a fatores como melhores condições de exportação, mas não mitiga os efeitos da inflação nos bens de consumo diário.
Esses reajustes ocorrem em um cenário de vendas em queda. Um estudo da consultora Scentia, citado no artigo original, indica uma retração interanual de 0,8% no consumo geral em junho e de 2,4% em hipermercados e comércios locais. Comparado a 2024, quando o consumo já havia caído mais de 11%, o quadro reflete uma demanda populacional enfraquecida por salários estagnados e recessão. Comerciantes alertam que, mesmo se o dólar estabilizar, os preços não tendem a retroceder, podendo levar a novos aumentos se a cotação ultrapassar os 1.400 pesos.
Esse panorama na Argentina serve como alerta para economias vizinhas, como a brasileira, onde flutuações cambiais também influenciam importações e preços internos. No blog Painel Político, continuamos monitorando esses desenvolvimentos para oferecer análises aprofundadas sobre política e economia regional.
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