“Há tempos são os jovens que adoecem [...]”, o verso entoado na voz do cantor e compositor Renato Russo, há mais de 40 anos revelava uma percepção triste sobre a sociedade brasileira da época, o agravamento de questões de saúde mental. Infelizmente, o sonoro “grito” de alerta sobre o tema, descrito pelo músico, não trouxe efeitos imediatos. A situação pouco mudou, ou melhor, se agravou.
Segundo a Organização Mundial da Saúde estima-se que 14% das crianças e adolescentes no mundo têm algum tipo de transtorno mental. Na realidade brasileira, com um cenário ainda mais complexo, quem adoece primeiro são as crianças.
Entre 2011 e 2022, a taxa de suicídios na faixa etária entre 10 e 24 anos cresceu 6%, e a de autolesões, 29%, segundo análise realizada pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz Bahia, com base em dados do Ministério da Saúde. Além disso, segundo a pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria em 2023, entre crianças e adolescentes atendidos no sistema público de saúde, cerca de 20% apresentam transtornos mentais como ansiedade e depressão.
Esse cenário desolador possui ainda mais agravantes a depender do CEP, raça e gênero. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto privado, ao falarmos do acesso a cuidados e tratamentos para saúde mental, especialmente para os pequenos: os mais pobres.
Para se ter ideia, em nosso país, a população mais pobre é composta por mais de 46,2 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE, o que corresponde a mais de 22% da população brasileira. Parte desses indivíduos estão distribuídos nas mais de 11 mil favelas e periferias espalhadas por todo território nacional.
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